Líderes da Câmara dos Deputados reagiram à decisão do governo de judicializar a derrubada do decreto presidencial que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e afirmaram que a medida representa uma “declaração de guerra” ao Legislativo.
A iniciativa ocorreu após o aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que optou por ingressar no Supremo Tribunal Federal (STF) com uma ação para tentar anular a decisão dos parlamentares.
O líder do Republicanos, Gilberto Abramo (Republicanos-MG), aliado do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que o governo está dando um tiro no pé e declarando guerra.
— O sentimento é ruim, o governo acaba errando ainda mais. O PSOL já havia judicializado, por que o governo quis judicializar? Para mostrar para sua base? É um tiro no pé. Ele mesmo (governo) está declarando guerra ao Congresso, o ambiente vai ficar mais pesado — disse Abramo.
O assunto repercutiu no grupo de WhatsApp dos líderes, do qual Motta é integrante. A comunicação entre eles tem sido feita principalmente pelo aplicativo nesta semana, já que parte dos parlamentares viajou a Lisboa para um evento do ministro do STF Gilmar Mendes. Motta não fez comentários no grupo.
— Vai esticando a corda e vai romper. O governo ainda está envolvendo um terceiro player, que é o STF, o que só piora. Com os nervos à flor da pele, tudo é possível (sobre retaliação). Lula tem que sair do enclausuramento, colocar a cara para fora e conversar com os deputados — afirmou o líder do PDT, Mário Heringer (MG).
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No grupo de WhatsApp, os líderes do PT, Lindbergh Farias (RJ), e do PSOL, Talíria Petrone (RJ), saíram em defesa de Lula. Já a oposição pretende usar o episódio para colocar o governo como inimigo do povo.
— O governo tirou a máscara e mostrou o rosto da crueldade tributária. Lula 3 não governa: caça o bolso do povo. Não confia mais nem no PSOL para fazer o serviço sujo, assumiu que o objetivo é um só: tirar até o que o pobre não tem — disse o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).
Mais cedo, em evento no Palácio do Planalto, o vice-presidente Geraldo Alckmin pregou o distensionamento na relação.
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— Acho que vai prevalecer o diálogo. Entendo que não vai acirrar os ânimos e que o diálogo é um bom caminho — disse.