sexta-feira , 11 julho 2025
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Zanin concede ‘prisão domiciliar humanitária’ ao prefeito de Palmas

O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), manteve o afastamento do prefeito de Palmas (TO), Eduardo Siqueira Campos (Podemos), de 65 anos, apontado como o “chefe” de um grupo responsável pelo vazamento sistemático de dados reservados sobre operações sensíveis da Polícia Federal.

Na terça-feira (8), poucas horas após o prefeito sofrer um infarto na Sala de Estado Maior do Comando-Geral da Polícia Militar do Tocantins — onde cumpria prisão preventiva —, Zanin concedeu a Siqueira Campos prisão domiciliar humanitária para que ele possa continuar o tratamento de saúde. No entanto, manteve todas as medidas cautelares anteriormente impostas, inclusive o afastamento do cargo.

Siqueira Campos é alvo da Operação Sisamnes — nome inspirado na mitologia persa que significa “juiz corrupto” —, que investiga corrupção e venda de sentenças nos tribunais de Justiça de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins, além de gabinetes de ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

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Ele foi preso em 27 de junho, na décima fase da operação. Diálogos via WhatsApp recuperados pela Polícia Federal indicam que o prefeito mantinha informantes e aliados, incluindo um advogado e um policial civil, para acessar informações estratégicas de processos em andamento no STJ e no Tribunal de Justiça do Tocantins. Siqueira Campos nega envolvimento no suposto esquema de espionagem.

O prefeito afastado sofreu o infarto na madrugada de terça-feira. Zanin foi informado de que ele foi encaminhado ao Hospital Geral de Palmas e submetido a uma intervenção cirúrgica na artéria coronária, estando atualmente em recuperação.

A defesa pretende solicitar o retorno de Siqueira Campos às funções públicas assim que ele for liberado pelos médicos.

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Logo após a prisão, a defesa requereu prisão domiciliar alegando fragilidade na saúde do prefeito, mas o pedido foi negado por Zanin, que acolheu parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) e manteve a prisão preventiva.

Posteriormente, a PGR solicitou avaliação médica para o prefeito e outros dois presos da décima fase da Sisamnes — o policial civil Marco Augusto Velasco Nascimento Albernaz e o advogado Antonio Ianowich Filho — apontados como integrantes do mesmo grupo que atuava no vazamento das decisões.

Com base nos laudos médicos, o ministro considerou que a saúde do prefeito apresentava “debilidade” e entendeu que o Comando-Geral da PM não possui estrutura adequada para o tratamento necessário.

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“Diante desses relatos médicos e da documentação formalizada nos autos, atestando que o Comando-Geral da Polícia Militar de Tocantins não possui estrutura idônea para realizar internamente os tratamentos exigidos, mostra-se razoável e proporcional a substituição da prisão preventiva pelo recolhimento domiciliar”, decidiu Zanin.

Na mesma decisão, o ministro reiterou a manutenção das medidas cautelares, incluindo o afastamento do prefeito do cargo, a proibição de contato com os demais investigados e a proibição de deixar o país.

Operação Sisamnes

Segundo a investigação, Siqueira Campos antecipava informações sigilosas sobre operações da Polícia Federal para aliados. Em uma conversa interceptada, o advogado Antonio Ianowich informou, em 13 de novembro de 2024, que haveria o afastamento do governador de Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), alvo da Operação Fames-19, que apura suposto esquema de desvios de verbas destinadas a cestas básicas durante a pandemia da Covid-19 — o governador nega envolvimento.

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Trechos da conversa:

  • “Oi chefe. Grandes chances de o Gov. ser afastado amanhã”
  • “Confirmado o parecer pelo afastamento”
  • “É uma fonte minha de Brasília”
  • “Disse que a decisão sai em horas”
  • “Talvez ainda hoje”

Após ser alertado sobre a chegada de uma equipe da PF a Palmas, Siqueira Campos perguntou por mais detalhes:

  • “Você acha que será amanhã pela manhã?”
  • “Quantos homens?”

Ianowich respondeu:

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  • “São 16 homens”
  • “Acho que algo pontual”

Siqueira Campos insistiu:

  • “Poderia ser a prece… A pref…”

O advogado respondeu:

  • “Eles ainda estão em Palmas. Tô tentando descobrir”

A Operação Sisamnes também investiga um suposto esquema de venda de sentenças em pelo menos três tribunais de justiça — Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins — e em gabinetes de ministros do STJ.

Ascendência na “empreita criminosa”

Ao determinar a prisão dos investigados, Zanin considerou que a investigação indicou uma atuação “concertada dos investigados para monitorar e obter dados sigilosos” das operações da Polícia Federal envolvendo autoridades do Tocantins.

“Entendo que os indícios revelados até aqui são suficientes para demonstrar o envolvimento dos investigados na empreita criminosa, observando-se a ascendência de José Eduardo de Siqueira Campos sobre os demais, que o qualificam como ‘chefe’”, destacou o ministro.

A decisão apontou que Siqueira Campos, enquanto prefeito, e Marco Albernaz, como investigador da PF, usavam suas funções públicas para monitorar até mesmo a Polícia Federal, antecipando operações policiais e, assim, prejudicando as investigações.

“A análise do aparelho celular de Siqueira Campos revela compartilhamento de dados sigilosos que poderiam comprometer seriamente o êxito das investigações em curso”, alertou Zanin no decreto de prisão.

Ao pedir a prisão do prefeito, do advogado e do policial civil, a PF informou que o acesso ao conteúdo do celular do prefeito “descortinou indícios de participação ativa na logística montada para frustrar estrategicamente a efetividade das operações policiais”.

Os investigados negam a prática de atos ilícitos.

Em nota divulgada no dia da prisão, a Prefeitura de Palmas informou:

“A Prefeitura de Palmas informa que foi dado cumprimento à decisão judicial em relação ao prefeito Eduardo Siqueira Campos.

Cabe informar à população que as investigações não se relacionam com a atual gestão municipal. A decisão visa à averiguação de informações, e tudo será esclarecido.

O prefeito recebeu a decisão com serenidade e irá colaborar prontamente com os trabalhos. Cabe destacar a abordagem respeitosa dos agentes da Polícia Federal.

Neste momento, é importante prestar todos os esclarecimentos e manter preservada a população de Palmas e a gestão municipal.”

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