A executiva nacional do União Brasil oficializou nesta quarta-feira (3) a decisão de deixar a base do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A resolução foi tomada poucas horas antes de um almoço entre o presidente e ministros filiados à sigla, marcando o rompimento formal da federação entre União Brasil e PP com o Palácio do Planalto. As informações são do jornal O Globo.
O movimento reforça a estratégia dos dois partidos de proibir a permanência de seus quadros no primeiro escalão, atingindo diretamente os ministros Celso Sabino (Turismo), do União Brasil, e André Fufuca (Esportes), do PP. Ambos integram a cota do Centrão na Esplanada dos Ministérios.
A reunião da executiva do União Brasil antecedeu um almoço no Palácio da Alvorada, onde Lula recebeu o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e três ministros da legenda: Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional), Celso Sabino (Turismo) e Frederico Siqueira Filho (Comunicações).
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O encontro, que deveria sinalizar uma reaproximação, ocorreu em meio à formalização da ruptura. A presença dos ministros reforça o dilema interno: parte da bancada deseja manter interlocução com o Planalto, enquanto a cúpula partidária já articula o desembarque completo da administração petista.
A tensão com o Centrão se intensificou nos bastidores após Lula criticar duramente os presidentes das duas siglas. Em reunião ministerial na semana passada, segundo relatos do jornal, o petista disse não gostar pessoalmente de Antônio Rueda, presidente do União Brasil, e acusou Ciro Nogueira (PP) de tentar se viabilizar como vice na chapa presidencial do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em 2026.
O presidente também reclamou da falta de lealdade pública dos ministros do União Brasil, afirmando que eles não o defendem em eventos partidários, mesmo diante de ataques ao governo. Lula teria declarado que aqueles que não estivessem confortáveis poderiam deixar a Esplanada.
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Impacto no governo e nas articulações para 2026
A saída coordenada do União Brasil e do PP fragiliza a articulação política do Planalto e acende o alerta sobre a governabilidade, especialmente no Senado.
Também marca o início de um realinhamento para 2026, com a formação de alianças que podem apoiar um candidato de centro-direita, possivelmente liderado por Tarcísio de Freitas.
Para Lula, o episódio representa a perda simbólica de parte do bloco que garantiu a governabilidade nos primeiros dois anos de mandato, além de impor dificuldades adicionais em votações estratégicas no Congresso.