O União Brasil antecipou o movimento de desembarque do governo e determinou a entrega de cargos de todos os seus filiados em até 24 horas. Anteriormente, o partido tinha definido que entregaria os cargos até o final do mês. A movimentação foi confirmada pelo presidente nacional da legenda, Antônio Rueda, que afirmou também ser válida para o ministro filiado ao partido, Celso Sabino (Turismo).
Uma normativa do partido publicada nesta quinta-feira prevê sanção aos quadros que não pedirem exoneração de seus cargos: haverá abertura de processos disciplinares.
A decisão de deixar o governo acontece pouco depois da veiculação de notícias que associam Rueda ao crime organizado de São Paulo. De acordo com reportagens publicadas pelo UOL e pelo ICL, aeronaves de Rueda teriam sido usadas pelo PCC. O partido vê influência do governo em vazamentos de operações da Polícia Federal (PF) que miram Rueda.
Aos veículos, Rueda negou ser dono de aviões e repudiou “com veemência qualquer tentativa de vincular seu nome a pessoas investigadas ou envolvidas com a prática de algum ilícito”.
Em nota, o União manifestou “solidariedade” ao presidente da legenda:
“Causa profunda estranheza que esas inverdades venham a público justamente após a determinação de afastamento do filiados. Tal “coincidência” reforça a percepção de uso político da estrutura estatal para desgastar a imagem da nossa principal liderança”, diz o texto.
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Com a terceira maior bancada na Câmara, o União já anunciou que fará uma federação com o PP. A sigla possui 59 deputados e 7 senadores, e é peça-chave na governabilidade do governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Leia a íntegra da nota do União Brasil:
“O União Brasil, por meio de sua Executiva Nacional e de suas Lideranças na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, manifesta irrestrita solidariedade ao Presidente Antonio Rueda, diante de notícias infundadas, prematuras e superficiais que tentam atingir a honra e a imagem do nosso principal dirigente.
Causa profunda estranheza que essas inverdades venham a público justamente poucos dias após a determinação oficial de afastamento de filiados do União Brasil de cargos ocupados no Governo Federal – movimento legítimo, democrático e amplamente debatido nas instâncias partidárias.
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Tal “coincidência” reforça a percepção de uso político da estrutura estatal visando desgastar a imagem da nossa principal liderança e, por consequência, enfraquecer a independência de um partido que adotou posição contrária ao atual governo.
Esse posicionamento, aliás, foi hoje unanimemente reforçado pela aprovação da resolução que determina aos filiados do União Brasil o desligamento, em até 24 (vinte e quatro) horas, dos cargos públicos de livre nomeação na Administração Pública Federal Direta ou Indireta, sob pena de prática de ato de infidelidade partidária.
O União Brasil seguirá atuando em sintonia com os anseios da sociedade brasileira e jamais se intimidará diante de tentativas de ataque a seus dirigentes”.
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Reação
O desembarque gerou reações do governo. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, disse que o União faz “acusações infundadas”.
“Repudio as acusações infundadas e levianas feitas em nota divulgada hoje pela direção do partido União Brasil. A direção do partido tem todo direito de decidir a saída de seus membros que exercem posições no governo federal. Aliás, não é a primeira vez que fazem isso. O que não pode é atribuir falsamente ao governo a responsabilidade por publicações que associam dirigente do partido a investigações sobre crimes. Isso não é verdade”, disse.