O governo de Israel iniciou na madrugada desta sexta-feira (13, horário local) um ataque “preventivo” ao Irã. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou numa declaração em vídeo que o objetivo é “atingir a infraestrutura nuclear do Irã, as fábricas de mísseis balísticos do Irã e as capacidades militares do Irã”.
Segundo as Forças de Defesa de Israel (FDI), a operação deve durar “vários dias” e ao final dela “não haverá mais ameaça nuclear” por parte dos iranianos.
Inimigos desde que os aiatolás tomaram o poder no Irã, em 1979, israelenses e iranianos se enfrentavam de forma indireta, com Israel respondendo às agressões dos grupos terroristas apoiados por Teerã.
Entretanto, desde os atentados do Hamas a Israel em outubro de 2023, israelenses e iranianos trocaram ataques diretos em abril e outubro do ano passado, antes da ofensiva de Israel nesta sexta-feira. Confira os principais pontos da nova fase do conflito:
Por que Israel realizou o ataque agora?
O ataque ocorreu após o Irã ter anunciado na quinta-feira (12) que adotará medidas de retaliação à resolução aprovada pelo Conselho de Governadores da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), a agência atômica da ONU, que considera o Irã em violação de suas obrigações nucleares.
O regime dos aiatolás anunciou que inaugurará uma usina de enriquecimento de urânio e instalará centrífugas avançadas em outro de seus centros.
Num comunicado, as FDI alegaram que o ataque preventivo é necessário porque o Irã teria urânio enriquecido suficiente para construir várias bombas nucleares em poucos dias.
Qual foi o papel dos Estados Unidos?
O presidente americano, Donald Trump, havia afirmado a jornalistas na Casa Branca mais cedo que não queria que Israel realizasse o ataque contra o Irã com a sexta rodada de negociações nucleares entre Washington e Teerã em vista, marcada para Omã no domingo (15).
Após o ataque, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou numa declaração que Israel tomou “ações unilaterais contra o Irã” e que os americanos não tiveram envolvimento na ofensiva.
O governo de Benjamin Netanyahu se opõe às negociações entre Washington e Teerã, sob o argumento de que são apenas uma distração iraniana para ganhar tempo e manter o plano de desenvolver uma bomba nuclear. Teerã alega que seu programa nuclear tem fins pacíficos.
No seu discurso, Netanyahu agradeceu a Trump “por seu apoio consistente ao nosso país durante todos os anos de sua presidência”.
Teerã terá capacidade de reagir?
As FDI disseram que a operação deve durar “vários dias” e o ao final dela “não haverá mais ameaça nuclear” por parte dos iranianos.
Israel declarou estado de emergência nacional, prevendo uma resposta iraniana. Antes do ataque, o comandante em chefe da Guarda Revolucionária do Irã, general Hossein Salami, havia afirmado nesta quinta-feira que a República Islâmica está preparada para uma “guerra em qualquer nível” e responderia a qualquer agressão.
“O inimigo às vezes nos ameaça com ações militares. Sempre dissemos — e repetimos agora — que estamos totalmente preparados para qualquer cenário, sob qualquer circunstância”, disse Salami em um evento em Teerã.
Porém, segundo a mídia estatal iraniana, o próprio Salami foi morto na ofensiva de Israel nesta sexta-feira, e ainda não se sabe qual será a capacidade do Irã de realizar uma resposta em grande escala após os ataques israelenses.
Segundo informações do jornal The Times of Israel, um oficial de defesa israelense disse à Rádio do Exército que “se este ataque inicial tiver sucesso, então o que fizemos aos altos funcionários do Hezbollah ao longo de dez dias, fizemos ao Irã em dez minutos” – numa referência às mortes de vários líderes do grupo terrorista libanês em 2024, que por fim levaram a um cessar-fogo.