Orações, patriotismo e a luta pelo fim de pautas progressistas ganharam espaço dentro do Pentágono desde que o presidente Donald Trump retornou à Casa Branca. O responsável por liderar essa transformação tem sido o secretário de Defesa de Trump, Pete Hegseth, ex-oficial do Exército e ex-comentarista da Fox News, que assumiu a pasta em janeiro. Nos últimos meses, ele tem conduzido mudanças que unem fé, identidade nacional e a defesa de princípios conservadores dentro das Forças Armadas americanas.
Primeiros gestos de impacto
Em maio, o Pentágono sediou o primeiro culto cristão oficial conduzido por um secretário de Defesa. O evento, liderado por Hegseth, reuniu militares, funcionários civis e convidados, em caráter voluntário, e foi transmitido internamente.
“Nosso país precisa de renovação espiritual. E nossos militares precisam de clareza e coragem, não apenas em batalha, mas também em fé”, afirmou Hegseth na ocasião, segundo a agência Reuters.
O pastor do secretário americano, Brooks Potteiger, participou do culto histórico e, na ocasião, orou pelo presidente Trump.
“Obrigado pela forma como o senhor tem usado ele para trazer estabilidade e clareza moral à nossa nação, e oramos para que continue a protegê-lo”, disse Potteiger durante oração. Segundo Hegseth, os cultos serão realizados mensalmente no Pentágono.
Ordens executivas e reformas estruturais
O culto no Pentágono foi precedido por medidas concretas de Trump e Hegseth para combater ideologias progressistas que foram implantadas pelo governo de Joe Biden no Departamento de Defesa americano. Em 27 de janeiro, Trump assinou uma série de ordens executivas para remodelar o departamento. Entre elas, estava a eliminação de qualquer resquício da burocracia ligada à diversidade, equidade e inclusão (DEI) no Pentágono e no Departamento de Segurança Interna. O decreto proibiu também a promoção baseada em raça ou sexo nas Forças Armadas e determinou que academias militares americanas revisassem seus currículos para retirar ideologias de gênero.
Outro decreto assinado por Trump naquele momento determinou a reintegração de mais de 8 mil militares que tinham sido expulsos na gestão Biden por se recusarem a tomar a vacina da Covid-19, garantindo a eles restituição de patentes, benefícios e salários atrasados.
Uma terceira ordem exigiu que o Pentágono, sob o comando de Hegseth, formulasse novas diretrizes sobre a presença de pessoas transgênero nas Forças Armadas, estabelecendo que os padrões de exigência militar devem prevalecer sobre identidades de gênero.
“O trabalho do Exército é letalidade, prontidão e combate. O treinamento militar será focado no que os soldados em campo precisam para dissuadir nossos inimigos”, afirmou o Hegseth ao comentar os decretos. Ele também destacou que sua gestão busca devolver coesão e espírito de corpo às tropas americanas.
Fé, família e liberdade como base
À frente do Pentágono, o secretário Hegseth não esconde sua fé nem seus valores tradicionais. Casado e pai de sete filhos, ele afirma que sua família é o alicerce de tudo o que faz. O secretário frequenta há anos a Pilgrim Hill Reformed Fellowship, uma congregação evangélica nos arredores de Nashville, no Tennessee, vinculada à Communion of Reformed Evangelical Churches (CREC), rede cristã reformada conservadora dos EUA.
Antes de chegar ao comando da Defesa americana, o ex-apresentador já era conhecido como crítico ferrenho do progressismo no governo dos EUA. Em seus comentários na TV, palestras e livros, Hegseth sempre denunciou também a influência de ideologias que, segundo ele, estavam corroendo a moral nacional e enfraquecendo as Forças Armadas americanas. Seu livro best-seller, intitulado Battle for the American Mind (A Batalha pela Mente Americana), defende que a guerra cultural começa na sala de aula, e só pode ser vencida com uma educação cristã, clássica e patriótica.
Veterano de combate no Iraque e no Afeganistão, Hegseth acredita que a disciplina e a coragem exigidas no campo de batalha só são possíveis quando alicerçadas em convicções firmes como fé, família e amor à pátria – princípios que ele busca implementar de forma definitiva na estrutura militar dos Estados Unidos.
Restauração da tradição militar
Em junho, Trump esteve no Fort Bragg, na Carolina do Norte, para celebrar os 250 anos do Exército americano. Ao lado de Hegseth, o presidente anunciou a restauração dos nomes históricos de diversas bases militares que haviam sido alterados no governo Biden e destacou a aprovação de um orçamento recorde de US$ 1 trilhão para as Forças Armadas.
“Não estamos interessados no lixo ‘woke’ e no politicamente correto. Somos guerreiros que destroem inimigos em nome da nossa nação. Não lutamos porque odiamos o que está à frente de nós; lutamos porque amamos o que está atrás de nós”, afirmou Hegseth no evento, em um discurso que foi recebido com aplausos pelas tropas.
Poucos dias antes, em West Point, Academia Militar dos EUA localizada em Nova York, Trump havia discursado na formatura de novos oficiais do Exército. Na ocasião, ele voltou a criticar políticas de diversidade e treinamentos progressistas herdados da gestão anterior.
“Libertei nossas tropas de treinamentos políticos divisivos e degradantes”, disse.
Aos cadetes, o presidente reforçou que a missão central das Forças Armadas americanas é vencer.
“O que importa aqui é vitória”, afirmou, ressaltando que o Exército dos EUA existe para proteger a pátria, e não para servir de laboratório de ideologias. O evento marcou a ligação direta entre o comandante-em-chefe e a nova geração de oficiais, simbolizando a consolidação de uma nova cultura militar baseada em disciplina, prontidão e amor à pátria.