Com mais de 100 mortos contabilizados até agora, o Rio de Janeiro vive um cenário de guerra. O governador Cláudio Castro (PL-RJ) iniciou ontem uma megaoperação contra o tráfico de drogas e foram cumpridos diversos mandados de prisão nos complexos da Penha e do Alemão, onde fica o “quartel-general” do Comando Vermelho, o grupo que comanda a maior parte da região. Este foi o tema do programa Última Análise desta terça-feira (28).
O episódio deflagrou uma crise política entre o governo fluminense e o governo federal, além de sobrarem críticas, também, à atuação do STF. O governador Cláudio Castro (PL-RJ) afirmou que o Rio está “sozinho no enfrentamento das facções” e que o problema extrapola as capacidades do estado, criticando também a falta de ajuda do governo federal.
“O problema da segurança pública é de ordem nacional e estourou no Rio de Janeiro. Infelizmente, a gente tem um governo federal que parece não se preocupar. Ele apenas trabalha de acordo com interesses que não aqueles do combate à criminalidade”, afirmou o jurista André Marsiglia.
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, rebateu as declarações do governador fluminense, negando a falta de auxílio, e disse que poderia ter havido mais planejamento entre as forças de segurança, evitando o cenário de guerra no Rio de Janeiro. Apoiadores do governo, como os deputados Tarcísio Motta (PSOL-RJ) e Lindbergh Farias (PT-RJ), afirmaram que a polícia deveria ter sido menos letal se tivesse usado melhor os dados de inteligência.
“Ricardo Lewandowski deu uma entrevista e mentiu. Ele mentiu porque disse que não foi solicitada ajuda para o governo federal e foi. Inclusive, já está circulando agora o documento do gabinete do Cláudio Castro que comprova que ele pediu ajuda”, afirma a cientista política Julia Lucy.
Para o professor da FGV Daniel Vargas, o problema da segurança pública no país deixou de ser local para se tornar um problema estrutural do Brasil. “Não é um problema particular de segurança pública e se tornou uma verdadeira ameaça à própria ordem nacional, contaminando os diversos setores e influenciando a política. Ele ameaça a própria autoridade do país”, avalia Vargas.
A “bandidolatria” como política nacional
Como coincidência lamentável, o conflito no Rio ocorre poucos dias depois de Lula declarar que os traficantes são vítimas. “Na visão do Lula, não há responsabilidade do traficante. Ele é vítima. É uma inversão completa de valores, que chega a este tipo de discurso”, lamenta Marsiglia.
O governador fluminense criticou diretamente a chamada “ADPF das Favelas”, que limita as incursões da polícia às comunidades cariocas. Na mesma linha, decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) proibiu a Polícia Militar de solicitar buscas e apreensões diretamente à Justiça.
“A ADPF 635 trouxe uma série de restrições para a atuação das polícias nas operações em favelas. A polícia, por exemplo, não pode agir com todos os elementos que poderia, mesmo nós falando de uma situação de guerra. Não deveria haver restrições para além daquelas constitucionais”, critica Lucy.
O programa Última Análise faz parte do conteúdo jornalístico ao vivo da Gazeta do Povo, no YouTube. O horário de exibição é das 19h às 20h30, de segunda a sexta-feira. A proposta é discutir de forma racional, aprofundada e respeitosa alguns dos temas desafiadores para os rumos do país.
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