O relator do projeto da anistia na Câmara, Paulinho da Força (Solidariedade-SP), afirmou que qualquer articulação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) com os Estados Unidos para “penalizar” o Brasil vai atrapalhar a negociação da proposta. Paulinho disse que o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) já “fez besteira” e pode “tocar fogo no parquinho” se defender sanções contra o país.
“Se houver novas sanções em meio à discussão do projeto, isso vai atrapalhar e muito. Espero que Eduardo Bolsonaro, que já fez algumas besteiras quando fez o tarifaço contra o Brasil, possa pôr a mão na consciência e perceber que qualquer coisa que ele faça no sentido de penalizar o país, tocará fogo no parquinho aqui”, disse Paulinho em entrevista à GloboNews nesta tarde.
Eduardo se mudou para os EUA em março deste ano para negociar sanções contra autoridades, principalmente contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator dos inquéritos envolvendo o ex-presidente.
Em meio à atuação do parlamentar, o governo de Donald Trump determinou a taxação de 50% sobre produtos brasileiros. O filho do ex-mandatário condiciona a aprovação de uma anistia “ampla, geral e irrestrita” à negociação das tarifas americanas.
A Câmara aprovou a urgência na tramitação do projeto da anistia na noite desta quarta-feira (18) por 311 votos a 163. Mais cedo, o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), escolheu Paulinho da Força para relatar a proposta. No entanto, o relator já rejeitou a possibilidade de uma anistia ampla.
“A anistia ampla, geral e irrestrita não existe mais. Não estamos nem falando em projeto da anistia, estamos falando em pacificar o Brasil”, disse o deputado. Segundo ele, “o foco são as pessoas que foram presas injustamente” pelos atos de 8 de janeiro de 2023.
Paulinho não descartou a possibilidade de que o projeto beneficie Bolsonaro. De acordo com o relator, tudo depende da negociação sobre o tema com todos os partidos. “Tem muita gente que foi presa e não merecia. Talvez tenham ido no embalo da multidão [no 8 de janeiro]. É nessas pessoas que a gente deveria pensar e trabalhar para que elas pudessem ser liberadas”, enfatizou.
No último dia 11, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão pela suposta tentativa de golpe de Estado. Outros sete réus do chamado “núcleo crucial” também foram condenados.