terça-feira , 23 setembro 2025
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Relação Brasil-EUA passa por desafio, mas há muitas oportunidades de cooperação

Apesar das dificuldades de curto prazo, a relação Brasil-Estados Unidos continua a ter múltiplas oportunidades de cooperação e investimento a serem exploradas, incluindo os segmentos de energia, data centers e inteligência artificial (IA), combustível sustentável de aviação (SAF), agronegócio, ações climáticas e bioeconomia, na visão de líderes empresariais, autoridades e especialistas que participaram nesta segunda-feira do evento “Brasil-US Energy and Tech Forum 2025”, realizado em Nova York pelo Valor em parceria com a Amcham Brasil.

O cônsul-geral do Brasil em Nova York, embaixador Adalnio Ganem, disse ter certeza de que a relação de amizade entre Brasil e EUA seguirá forte no futuro. O relacionamento entre os dois países foi afetado pela imposição, em julho, de tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras, muitas das quais acabaram entrando em lista de exceções, com taxas menores. Ganem se disse otimista e confiante de que as relações internacionais seguem uma perspectiva de longo prazo, destacando as oportunidades do Brasil na energia renovável e na agenda ambiental.

Ganem disse que o debate — realizado no Lotos Club, instituição fundada em 1870 — é importante considerando a proximidade da COP30, as mudanças na geopolítica global e nas cadeias de suprimentos e os novos desenvolvimentos tecnológicos:

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“O desenvolvimento sustentável exige que seja feito um mutirão, e a participação do setor privado é essencial.”

Tanto nos painéis quanto na plateia, havia representantes de Brasil e EUA.

“A presença de nomes tão representativos e influentes nesta sala reforça a relevância do diálogo aberto e da busca por soluções conjuntas”, disse a diretora de Redação do Valor, Maria Fernanda Delmas, ao dar as boas-vindas.

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Também na abertura, o CEO da Amcham Brasil, Abrão Neto, afirmou que os temas discutidos são importantes neste momento em que a relação bilateral enfrenta desafios, funcionam como “motores” da economia e são direcionadores do investimento global:

“Eles (os temas nessa agenda, incluindo cenários de energia e IA, minerais críticos, agricultura e tecnologia, energias renováveis e hidrocarbonetos e o caminho até a COP30) representam oportunidades únicas para os EUA e o Brasil trabalharem mais estreitamente juntos, o que é importante em um momento em que nosso relacionamento enfrenta desafios sem precedentes e exige um impulso renovado.”

Visão semelhante tem o ex-embaixador dos Estados Unidos no Brasil Michael McKinley, que participou de um painel sobre minerais críticos e cadeias de suprimento:

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“Os dois países, se olharmos a segurança e as oportunidades, precisam aproveitar o momento.”

McKinley acredita que, em um ambiente no qual a China concentra a produção e o processamento de minerais críticos, Brasil e EUA podem cooperar:

“Uma vez que passarmos o momento atual de dificuldades, tenho certeza de que haverá [um acordo], e é importante notar que a convergência é de ter o Brasil não apenas como um suporte, mas também como um potencial processador (de minerais).”

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A agenda energética dominou, por sua vez, boa parte das discussões do evento. A energia renovável é um grande valor agregado para empresas que querem entrar no Brasil, reconheceu Thomas Kwan, vice-presidente do Instituto de Pesquisas de Sustentabilidade da Schneider Electric.

“Isso é uma espécie de ímã”, comparou, ao participar de painel sobre o futuro das energias renováveis e dos combustíveis fósseis.

Segundo Kwan, ainda há um gargalo em conseguir distribuir a energia limpa no Brasil. Isso acontece uma vez que há muita geração eólica e solar instalada no Nordeste, mas existe limitação para transportar essa energia por linhas até o Sudeste, onde se concentra a maior parte do consumo no país. Daqui em diante, acredita kwan, a questão será menos sobre infraestrutura tradicional e mais sobre infraestrutura digital construída pensando em eliminar gargalos.

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Marcelo Felipe Alexandre, subsecretário adjunto de Economia do Mar do Estado do Rio, disse que o desenvolvimento de novas fontes de energia será gradual:

“Temos ciência de que tem que ser uma transição com responsabilidade social, não adianta acabar com empregos de uma área sem criar em outras.”

A oferta de energia, sobretudo de fontes renováveis, é importante também para instalação de data centers e para o desenvolvimento da inteligência artificial:

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“A competição será global. Se não houver uma estrutura de custos competitiva em nível mundial, não será possível atrair data centers para o Brasil. É necessário também um quadro regulatório claro”, alertou Renato Ciuchini, sócio do Grupo FS.

O executivo disse que hoje 60% dos dados de empresas brasileiras são processados fora do Brasil, o que significa uma perda potencial de receitas da ordem de US$ 8 bilhões. Ciuchini também comentou que há um “problema” na Medida Provisória do Redata, o plano nacional de incentivos para o setor de data centers. A MP que está no Congresso, disse, prevê que a energia deve ser de fonte renovável, mas de novas plantas ainda não operacionais. Isso “torna a MP inviável”, segundo ele, porque uma planta nova pode levar de quatro a cinco anos para ficar pronta e a revolução da IA está acontecendo agora.

O último painel do evento tratou de COP30. Dan Byers, vice-presidente de políticas e do Instituto Global de Energia da Câmara de Comércio dos EUA, elogiou os esforços do Brasil para incluir o setor privado nas discussões sobre a implementação da agenda climática. Ele também informou que há muitas empresas americanas prevendo a ida ao Brasil:

“Essa será a minha quinta COP e é impressionante observar a evolução ao longo do tempo. Mesmo quando o Acordo de Paris foi negociado, a dinâmica era diferente. Ao longo dos anos, a participação da comunidade global de negócios se transformou: hoje, a COP se assemelha a uma grande feira climática, em que cada empresa apresenta sua história.”

O professor Carlos Nobre ressaltou que a COP30 tem que ser a mais importante das 30 COPs:

“O mundo nunca viveu uma emergência climática como a de agora.”

Com apresentação da JBS, o “Brazil-US Energy and Tech Forum 2025” tem como patrocinador master a Philip Morris Brasil e conta com patrocínio do Grupo FS, apoio do Banco da Amazônia, do Governo do Rio de Janeiro e da CNI, e a Latam Airlines como companhia aérea oficial.

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