Veja artigo do narrador Rafa Penido sobre a vitória do Flamengo sobre o Palmeiras
A vitória do Flamengo sobre o Palmeiras levou 20% da população brasileira à janela de casa para gritar coisas como “MENGO”, “TAMO CHEGANDO”, “CHUPA, PALMEIRAS” e “RESPEITA O FILIPINHO”. Foi mesmo uma vitória sensacional.
Papo reto:
Se o Flamengo fizer uma barca, o primeiro nome da tripulação precisa ser o Fantasma de Jorge Jesus. Ele andou visitando os pensamentos intrusivos da Nação no momento recente de oscilação do ótimo trabalho de Filipe Luís.
Esse espírito de porco ronda o imaginário rubro-negro e atrapalha o Flamengo desde 2020.
Paixão mal resolvida que ainda atazana o clube. Desde que Abel Ferreira assumiu o comando palmeirense, Filipe é o oitavo técnico diferente que o Fla leva ao Allianz Parque.
O fantasma português pegou a Dutra para assistir ao jogo, acompanhou diretamente da cabine do VAR e falou no ponto de Ramon Abatti Abel que o Varela estava na área, para ele dar o pênalti. Para sua tristeza, San Rossi estava lá para brilhar e defender o Flamengo.
ROSSI
Rossi, aliás, é o fruto que não cai longe do pé. Um orgulho para a escola argentina de goleiros malucos e um cara que, cada vez mais, aos 29 anos, parece estar no lugar certo. Custei a admirá-lo e hoje preciso pedir desculpas: Rossi é, sim, um goleiro à altura do Flamengo, capaz de abrir uma escalação campeã e merecedor de estar em pôsteres nas paredes do Brasil — especialmente acompanhado por defensores extraordinários como os do Flamengo de 2025.
O novato Filipe Luís, sem qualquer facilidade, deixou o longevo técnico palmeirense no chinelo e venceu o jogo, tatuando sua assinatura. A jogada do maravilhoso segundo gol passa por Pedro, Wallace Yan e Ayrton Lucas, mas nasce com a sacada de mestre do técnico que os colocou.
Vitória que anima e embala o Rubro-Negro. A ver como será a reação alviverde, que viu um tabu de sete vitórias seguidas ser quebrado — junto com seu recorde de público.
CLÁSSICO VS MODERNIDADE
Filipe Luís chamou o duelo entre Flamengo e Palmeiras de “clássico moderno”. Definição pertinente, mas que temo venha a se irmanar às terríveis modas paulistas de “SanSão” a “Choque-Rei”, culminando no “Derby Paulista” — que não rivaliza com Marlboro e não é disputado num país anglófono.
A verdade é que esses apelidos para confrontos clássicos tinham que parar no auge: Fla-Flu. Com tolerância aos genéricos bacanas Grenal e Ba-Vi. A partir de “Atletiba”, tudo desandou — e parece que, quanto mais bregas e menos originais, mais sucesso esse marketing de mau gosto faz.
Não duvido, entretanto, da boa intenção de Filipe ao valorizar o jogo — e é fato que Fla e Palmeiras comandam uma era do futebol nacional.
TABELA DE CLASSIFICAÇÃO
Rubro-negros bateram Grêmio e Palmeiras fora. Golearam Corinthians e Juventude. Apesar de as arbitragens terem favorecido o Palmeiras em lances importantes das últimas rodadas, cabe a reflexão para o Flamengo: por que o Fla não lidera o Brasileiro?
O Flamengo ainda está em tempo de aceitar que seus verdadeiros clássicos são jogados no Maracanã, contra Fluminense, Vasco e Botafogo. Vencesse cruzmaltinos e alvinegros, diga-se — o que não fez —, seria líder com folgas do Brasileirão. Faltou algo ao Flamengo nesses jogos, que contaram com máxima mobilização e entrega por parte dos rivais cariocas.
Acrescento que é tempo de deixar o povão encher e ditar as tendências das arquibancadas do Maraca — outro pecado capital do Fla nessa jornada que mira o énea brasileiro.
TENDÊNCIA MODERNA
Nos últimos tempos, o campeão brasileiro venceu o Palmeiras em São Paulo, afinal. O próprio Flamengo o fez em 2019 e 2020. Botafogo em 2024, Corinthians em 2017 — e por aí vai. Não é fácil, mas quem escala essa montanha sintética geralmente leva a taça para casa.
A confiança — e a dulcíssima soberba — estão de volta aos lares rubro-negros, para o bem geral da Nação.