Para garantir a libertação de todos os 20 reféns ainda vivos em Gaza, Israel teve que libertar cerca de 2 mil prisioneiros palestinos, muitos deles condenados por atentados terroristas que deixaram dezenas de civis israelenses mortos.
A medida integra o acordo de paz mediado pelos Estados Unidos, que também inclui a devolução por parte do Hamas dos corpos de 28 reféns assassinados durante o cativeiro em Gaza.
Segundo Israel, ao menos 250 dos libertados por meio do acordo cumpriam penas de prisão perpétua ou longas condenações no país por envolvimento direto em atentados suicidas, explosões de ônibus e ataques armados contra civis.
Membros do Hamas: autores de ataques, sequestros e assassinatos
Um dos terroristas do Hamas libertado por Israel nesta fase do acordo de paz é Imad Qawasmeh, de 52 anos. Ele foi condenado por comandar um atentado terrorista duplo na cidade de Berseba, em 2004, que matou 16 israelenses. Outro terrorista do grupo palestino, Ahmad Ismail Ahmad Qawassmeh, de 35 anos – também liberto nesta fase do acordo – foi condenado pelo assassinato do rabino Shaya Ben David, em 2018.
Entre os libertados está ainda Qassem Aref Khalil al-Asafreh, de 36 anos, condenado por matar o estudante israelense Dvir Sorek, de 18 anos, esfaqueado em 2019 enquanto voltava da escola. Baher Badr outro terrorista do Hamas que foi condenado pelo planejamento de um atentado suicida em 2004, próximo a uma base militar, que deixou oito mortos, e Mahmoud Kawasmeh, de 45 anos, acusado de financiar e planejar o sequestro e assassinato de três adolescentes israelenses em 2014, crime que desencadeou a guerra de Gaza naquele ano, também foram libertos.
Além dos já citados, foram libertados também por meio acordo Maher Abu Srour, condenado pelo assassinato do agente israelense Haim Nahmani, em 1993; Mansour Riyan, condenado por homicídio na década de 1990, e Mohammad Nasser Sha’aban Abu Rabea, de 31 anos, responsável por esfaquear dois civis israelenses em 2015. Foram soltos também Faisal Mahmoud Abdullah Khalifa, de 43 anos, preso no ano passado por porte de armas e conspiração; Alaa al-Din al-Karki, de 52 anos, preso desde 1993 por múltiplos ataques contra civis israelenses, e Yusuf Zahur, apontado por Israel como um dos autores do assassinato de Dvir Sorek, no mesmo caso que envolveu Al-Asafreh.
Integrantes do Fatah e das Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa
O grupo Fatah – liderado pelo atual presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas – também teve dezenas de militantes extremistas libertados, muitos deles condenados por ataques durante a chamada Segunda Intifada, a revolta dos palestinos ocorrida no começo dos anos 2000.
Entre eles estão Muhammad Aref Samhan, de 55 anos, que foi condenado por organizar o atentado terrorista contra um ônibus em Jerusalém, em 2003, que matou 23 pessoas. Junto a ele, foi libertado também Ibrahim Muhammad al-Raai, de 46 anos. Segundo Israel, al-Raai foi responsável por um atentado a bomba em Nablus, na Cisjordânia, e por múltiplos tiroteios. Rashid Mahmoud Omar, de 48 anos, também foi libertado. Mahmoud Omar estava preso por matar um palestino acusado de colaborar com Israel.
Entre outros membros do Fatah libertados por meio do acordo estão também Raad Abd al-Aziz, de 45 anos, condenado por assassinato, tentativa de homicídio e posse de armas; Firas Sadiq Muhammad Ghanem, de 51 anos, das Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa, responsável por ataques que causaram nove mortes e Atiyah Abu Samhadana, de 56 anos, veterano do Fatah condenado por ataques armados em Rafah, no sul da Faixa de Gaza.
A lista inclui ainda Bilal Ajarmeh, autor de 17 ataques a tiros em rodovias israelenses em 2003, e Fares Ganam, condenado por matar oito civis israelenses. Outros nomes são Haitham Hamdan, autor de um ataque numa rodovia de Israel que matou três pessoas em 2001, e Halil Abu Aram, condenado pelo assassinato do casal Yossi e Hana Dikstein, em 2002.
Entre os demais libertos estão Rami Nour, condenado por matar um policial em uma parada de ônibus em Jerusalém; Riyad al-Amur, acusado de matar nove israelenses; Salam Zaal, condenado por assassinar o israelense Evyatar Borovsky, em 2013, e Morad Bader Abdullah Adais, que esfaqueou a enfermeira israelense Dafna Meir, mãe de seis filhos, em 2016.
Outros nomes do Fatah incluem Jihad Rom, autor de um atentado em Ramallah; Mohammed Abu Shahin, condenado por matar o estudante israelense Danny Gonen, em 2015; Muhammad Zakarneh, acusado de planejar o assassinato de um taxista israelense, e Nasser Abu Srour, também envolvido no assassinato do agente Haim Nahmani, em 1993.
Terroristas da Jihad Islâmica Palestina
Entre os libertos da Jihad Islâmica Palestina (PIJ) estão Arafat Hamid Zir, de 43 anos, condenado por auxílio e incitação ao assassinato, e Iyad Muhammad Abu al-Rub, de 51 anos, considerado um dos principais comandantes da Jihad em Jenin, responsável por atentados suicidas entre 2003 e 2005 que deixaram ao menos 13 mortos.
Iham Kamamji condenado pelo sequestro e assassinato do israelense Eliyahu Asheri, em 2006, e Mohammed Aradeh, condenado por matar um israelense e organizar a fuga da prisão em 2021 também foram soltos.
Outro libertado é Tarek Hasayin, condenado pelo assassinato da menina israelense Noam Leibowitz, morta a tiros numa rodovia de Israel, em 2003, quando tinha apenas sete anos.
Militantes da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP)
Entre os libertados da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) estão Ibrahim al-Hani, de 54 anos, envolvido em ataques fatais durante a Segunda Intifada, e Ibrahim al-Qam, de 53 anos, que cumpria duas penas de prisão perpétua por crimes de terrorismo.
Outro extremista da organização é Ibrahim Alakam, condenado por matar o casal Ita e Efraim Tzur, em 1996, e Basem Khandakji, sentenciado por planejar um atentado contra um mercado, em 2004, que matou três civis israelenses.
Casos graves e individuais
Foram libertados também indivíduos sem ligação direta com grupos terroristas palestinos, mas que cometeram crimes graves. Ahmad Mahmed Jameel Shahada é um deles. Ele foi condenado por estuprar e matar um menino de 13 anos em 1989, um dos crimes mais antigos entre os libertados. Hilmi Abdul Karim Muhammad Hammash, condenado por coordenar o atentado a um ônibus em Jerusalém, em 2004, que matou 11 pessoas, também foi outro nome sem ligação direta com grupos de Gaza que ficou livre por meio do acordo.
Terroristas mantidos presos
Israel manteve detidos os nomes mais fortes vinculados aos grupos terroristas de Gaza. Entre eles estão Marwan Barghouti, considerado o “arquiteto” da Segunda Intifada; Ahmad Sa’adat, secretário-geral da PFLP; e os altos comandantes do Hamas Ibrahim Hamed, Abbas al-Sayed e Hassan Salameh, todos condenados por dezenas de atentados suicidas.