O ex-ministro do Turismo do governo Jair Bolsonaro (PL), Gilson Machado Neto, foi preso na manhã desta sexta-feira (13), em Recife (PE), pela Polícia Federal (PF). Ele é investigado por supostamente ter tentado intermediar a emissão de um passaporte português para o tenente-coronel Mauro Cid, delator do suposto plano de golpe de Estado após as eleições de 2022.
A prisão faz parte de uma nova fase das investigações conduzidas pela PF e pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que miram aliados do ex-presidente Bolsonaro envolvidos em possíveis tentativas de obstrução de Justiça.
Gilson Machado, de 55 anos, é natural de Recife e ficou conhecido durante o governo Bolsonaro pela sua atuação à frente do Ministério do Turismo entre 2020 e 2022. Antes disso, presidiu a Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo).
Em seu período como ministro, ficou marcado pela defesa ferrenha do governo e pelo estilo polêmico nas redes sociais.
Também é músico e sanfoneiro, tendo usado inclusive apresentações musicais em eventos oficiais como forma de divulgação do turismo brasileiro. Antes de virar político, ele foi sanfoneiro na banda de forró Brucelose e neste ano, foi anunciado como uma das atrações do São João de Caruaru.
Nas eleições de 2022, ele concorreu ao Senado pelo PL por Pernambuco, mas ficou em segundo lugar com 1,3 milhão de votos. No ano passado, tentou à Prefeitura do Recife sem sucesso, com apenas 14% dos votos válidos.
Nos últimos meses, Gilson Machado esteve à frente de uma campanha de arrecadação por Pix para apoiar financeiramente a família Bolsonaro, alegando custos com despesas jurídicas e pessoais. A iniciativa, segundo o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro, partiu de Gilson e teria levantado cerca de R$ 1 milhão, valor que beneficiou diretamente Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle. Ainda em 2024, durante o período eleitoral, o ex-ministro foi alvo de sanções da Justiça Eleitoral por veicular propagandas consideradas irregulares, especialmente peças que atacavam a gestão de creches da Prefeitura do Recife — o que foi interpretado como uso indevido da comunicação política.
Ex-ministro nega acusações da PF
Na chegada ao Instituto Médico Legal, nesta sexta (13), o ex-ministro afirmou aos jornalistas que fez contato com o consulado de Portugal em Recife para renovar o passaporte do pai, e não para ajudar o tenente-coronel Mauro Cid a sair do Brasil.
“Não matei, não trafiquei drogas, não tive contato com traficante. Apenas pedi um passaporte para meu pai, por telefone, ao Consulado Português do Recife. O meu pai tem 85 anos. No outro dia ele foi lá no consulado, juntamente com meu irmão. Se ele não recebeu, ele está para receber a renovação do passaporte português dele”, disse
Assim que as investigações vieram à tona, o ex-ministro negou qualquer tentativa de interceder junto ao consulado português em nome de Mauro Cid. Em nota, declarou:
“Tomando conhecimento das publicações desta tarde, nego veementemente ter ido a qualquer consulado, inclusive o Português no Recife-PE. Assim que soube das matérias publicadas envolvendo meu nome, reitero, nessa oportunidade, que apenas mantive contato telefônico em maio último com o Consulado Português, tão somente solicitando uma agenda para meu pai, Carlos Eduardo Machado Guimarães, renovar o passaporte, o qual foi feito após dita solicitação”, escreveu à Gazeta do Povo.
A defesa de Gilson ainda não se manifestou oficialmente sobre a prisão. A investigação segue em sigilo e novas diligências estão previstas para os próximos dias.