O ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga (PL-PB) afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (26) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) enfrentou um “quadro profundo de tristeza” após a derrota nas eleições de 2022.
Em depoimento prestado à 1ª Turma da Corte, Queiroga relatou que esteve com Bolsonaro no dia seguinte ao segundo turno e presenciou um comportamento recluso e emocionalmente abalado.
“Ele teve erisipela, não conversava, só dava respostas monossilábicas. Me preocupei, mas ele é forte e superou aquela fase”, disse o ex-ministro, ao lembrar que tentou consolar o então presidente citando os exemplos de Nixon e Jimmy Carter.
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Segundo Queiroga, essa foi a última vez em que esteve com Bolsonaro no Palácio do Planalto. Depois, o encontrou no Palácio da Alvorada, onde observou que o ex-presidente evitava despachar e se recolheu em silêncio.
A declaração foi dada durante o depoimento como testemunha de defesa dos generais Augusto Heleno e Walter Braga Netto, ambos réus na ação penal que apura a tentativa de golpe de Estado após o resultado eleitoral.
Queiroga também negou que, durante o período em que Augusto Heleno comandava o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), tenha havido qualquer menção à elaboração de uma minuta de decreto de Estado de exceção — uma das principais linhas de apuração da Procuradoria-Geral da República (PGR).
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O depoimento integra a série de oitivas iniciadas em 19 de maio com as testemunhas do núcleo político-militar da trama golpista. Segundo a PGR, o grupo seria o responsável por liderar a organização criminosa que teria tentado reverter o resultado das urnas e impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Ainda nesta semana, serão ouvidas testemunhas indicadas por outros réus no processo, incluindo os ex-ministros Anderson Torres, Paulo Sérgio Nogueira e o próprio Bolsonaro. A expectativa é que os depoimentos se encerrem até o próximo dia 2 de junho, marcando uma etapa central na consolidação das provas do caso.