O primeiro-ministro do Nepal, K.P. Sharma Oli, renunciou nesta terça-feira (9) após dois dias de violentos protestos liderados por jovens que se rebelaram contra a corrupção no governo e contra a decisão de bloquear redes sociais no país. Os confrontos deixaram 19 mortos e mais de 300 feridos, segundo informações da agência EFE. A residência privada de Oli, localizada na cidade de Balkot, chegou a ser incendiada por manifestantes.
Na carta em que comunicou a decisão, Oli afirmou: “Renunciei ao cargo de primeiro-ministro com efeito a partir de hoje (…), a fim de adotar novas medidas em direção a uma solução política e à resolução dos problemas de acordo com a Constituição, levando em conta a situação extraordinária que atualmente prevalece no país”.
O líder do Partido Comunista do Nepal (Marxista-Leninista Unificado) (CPN-UML) estava no cargo desde julho de 2024, em seu terceiro mandato como chefe de governo. Sua queda foi precipitada não apenas pela repressão violenta aos protestos, mas também pela debandada dentro do próprio gabinete: cinco ministros apresentaram renúncia em menos de 24 horas, em protesto contra a forma como o Executivo lidou com a crise.
A mobilização no Nepal começou nas redes sociais, com hashtags como #NepoBabies, denunciando casos de nepotismo e corrupção no governo. O estopim ocorreu na semana passada, quando o Executivo, controlado pelo premiê comunista, impôs o bloqueio de 26 plataformas digitais, entre elas Facebook, Instagram, WhatsApp e X. A medida, considerada uma tentativa de censura, levou milhares de jovens às ruas.
Mesmo após Katmandu suspender o veto às plataformas digitais, a insatisfação popular não diminuiu. Com a escalada da violência, manifestantes ampliaram os ataques a residências de políticos ligados ao governo.
A crise no Nepal segue um padrão visto em outros países do sul da Ásia. Em anos recentes, líderes como Gotabaya Rajapaksa, no Sri Lanka, e Sheikh Hasina, em Bangladesh, também foram forçados a renunciar após uma onda de protestos de massa contra governos acusados de corrupção e autoritarismo.