Os ministros André Fufuca (Esporte) e Celso Sabino (Turismo) resistem à pressão de suas siglas — Progressistas (PP) e União Brasil — para deixarem o governo e se tornaram dois dos principais elos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com o Centrão.
Ambos podem enfrentar processos internos de expulsão, mas seguem prestigiados pelo Planalto. Para Lula, a manutenção dos dois auxiliares representa um gesto de aproximação com partidos de centro-direita e a tentativa de preservar a governabilidade em um momento de tensão entre Executivo e Congresso.
Sustentação
Fufuca e Sabino são vistos dentro do Planalto como interlocutores capazes de abrir diálogo com setores refratários da base. Mesmo diante da pressão partidária, a permanência de ambos serve para manter o canal aberto com o PP e o União Brasil, siglas decisivas nas votações econômicas e fiscais no Parlamento.
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Contudo, caso se confirme, a saída simultânea dos dois ministros poderia ser interpretada como um recuo de Lula diante do Centrão, abrindo espaço para novos embates políticos.
Ainda assim, após o anúncio da abertura de processo de expulsão contra Celso Sabino, partidos já teriam procurado o ministro oferecendo filiação. A manobra pode garantir mais apoio ao governo federal de siglas mais afastadas da base aliada.
Desafio
Em evento com Lula em Imperatriz (MA) nesta segunda-feira (6), Fufuca fez questão de reafirmar sua lealdade ao presidente, mesmo após o ultimato de seu partido para que deixasse o cargo.
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“Eu tô com Lula. O Lula do Bolsa Família, do Vale Gás, do Mais Médicos, do Fies, do Prouni. O Lula que falou em alto e bom som para os Estados Unidos: respeite o nosso Brasil”, afirmou Fufuca.
O discurso foi interpretado como um ato público de desafio à cúpula do PP, que havia estabelecido o último domingo (5) como prazo final para sua saída.
O senador Ciro Nogueira (PI), presidente da legenda, já admitiu que o processo de expulsão será mantido, embora aliados tentem negociar uma saída “sem rompimento” com o governo.
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Durante o evento, Fufuca reconheceu ter “cometido um erro” em 2022, quando apoiou Jair Bolsonaro (PL), e disse que pretende se engajar na campanha de reeleição de Lula em 2026.
Manutenção
A situação de Sabino é semelhante. O ministro chegou a entregar uma carta de demissão no fim de setembro, mas recuou a pedido de Lula. Desde então, vem repetindo que “apoiará o presidente onde quer que esteja”.
O União Brasil, por sua vez, abriu dois processos disciplinares contra Sabino: um para expulsá-lo da legenda e outro para dissolver o diretório estadual do Pará, atualmente sob seu comando — medida que pode inviabilizar seu projeto de disputar o Senado em 2026.
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Mesmo assim, Sabino segue cumprindo agenda oficial e representando o governo em eventos, inclusive ligados à COP30, que será sediada em Belém (PA).
Estratégia
Tanto Fufuca quanto Sabino são vistos como pontes para o diálogo com o Centrão. A presença deles no governo é entendida como um contrapeso à resistência de parte da base a pautas de Lula no Congresso.
Ambos mantêm trânsito entre lideranças de centro e direita, especialmente nas bancadas do Nordeste e do Norte. Nos últimos meses, Fufuca tem atuado pessoalmente para articular votos em pautas econômicas, como a ampliação da isenção do Imposto de Renda, uma das principais bandeiras de Lula para 2026.
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Com a tensão ainda em curso, Lula tem transformado a permanência de Fufuca e Sabino em um gesto calculado de força política, para demonstrar diálogo com partidos mais distantes do governo, buscando o equilíbrio do apoio no Congresso Federal.