O Partido Liberal (PL), sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro, respondeu nesta sexta-feira (11) à campanha lançada pelo governo federal em defesa da soberania nacional. Para a legenda, a responsabilidade pela tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros recai sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Fácil colocar a máquina pública para falar sua própria língua, mas impossível desfazer o que já se fez. Lula sentenciou o país ao caos na política e no mercado”, afirmou o partido em postagem nas redes sociais. A publicação acusa o petista de “puxar o Brasil para baixo” e de tentar transferir a culpa pela crise.
A declaração ocorre em meio à intensa batalha de narrativas travada nas redes sociais desde que o presidente americano, Donald Trump, anunciou a sobretaxa contra o Brasil, na quarta-feira (9). De um lado, o governo e o PT investem em peças de comunicação que associam a medida à atuação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos EUA e à suposta submissão da direita brasileira aos interesses de Trump.
Na quarta-feira, o PT publicou uma animação com dois personagens: um vestido de vermelho (cor tradicional do partido) e outro com a camisa da seleção brasileira, símbolo recorrente da oposição. No vídeo, os dois debatem a decisão de Trump e seus impactos sobre o Brasil.
Em paralelo, o governo federal começou a divulgar peças com o slogan “Brasil com S de Soberania”. Em uma das imagens, circula a frase: “Lula quer taxar os super-ricos; Bolsonaro quer taxar o Brasil”.
Desde o anúncio da sobretaxa, o Planalto tem adotado um discurso de defesa da soberania nacional e de responsabilização da família Bolsonaro, especialmente do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro, que está nos EUA e é investigado pelo STF sob suspeita de interferência internacional contra instituições brasileiras.
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Lula acusou publicamente Eduardo de ter atuado para pressionar Trump em troca de proteção ao pai. O presidente afirmou que o Brasil não aceitará “ser tutelado” e que responderá à altura, inclusive com retaliações comerciais, com base na recém-aprovada Lei da Reciprocidade Econômica.
Lula acusou publicamente Eduardo de ter atuado para pressionar Trump em troca de proteção ao pai. O presidente afirmou que o Brasil não aceitará “ser tutelado” e que responderá à altura, inclusive com retaliações comerciais, com base na recém-aprovada Lei da Reciprocidade Econômica.
Oposição tenta proteger Bolsonaro
O PL busca se blindar da associação entre o “tarifaço” e o ex-presidente Jair Bolsonaro, apontando que o atual governo seria o responsável por desgastar as relações com os EUA. A sigla acusa o governo Lula de provocar o isolamento diplomático do Brasil e de priorizar alinhamentos ideológicos, como a reaproximação com países dos Brics.
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A disputa ocorre em meio a uma escalada institucional: enquanto Lula prepara um pronunciamento em rede nacional para reforçar sua posição, aliados do ex-presidente avaliam uma possível interlocução direta com Trump, o que inclui até a proposta — já descartada pelo STF — de que Bolsonaro viaje aos EUA para negociar com o republicano.