O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, chamou neste domingo (19) o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de “grosseiro e ignorante”, em resposta às declarações do republicano que o acusou de ser “um líder do tráfico de drogas” e anunciou a suspensão imediata dos subsídios americanos à Colômbia.
A medida gerou uma nova crise diplomática entre Bogotá e Washington, levando Petro a convocar nesta segunda-feira (20) o embaixador colombiano nos Estados Unidos, Daniel García-Peña, para consultas em Bogotá.
“Senhor Trump, jamais a Colômbia foi grosseira com os Estados Unidos, ao contrário, sempre admirou muito sua cultura. Mas o senhor é grosseiro e ignorante com a Colômbia”, escreveu Petro em uma publicação em seu perfil no X, onde é bastante ativo.
O presidente colombiano acrescentou ainda que “não faz negócios, como o senhor [Trump], porque é socialista e acredita no bem comum”, e declarou: “Não sou negociante, muito menos narcotraficante. Em meu coração não há cobiça. Um mafioso é um ser humano que condensa o melhor do capitalismo: a cobiça. E eu sou o contrário, um amante da vida e, portanto, um guerreiro milenar da vida”.
Em um post na Truth Social neste domingo, Trump disse que o governo Petro “promove a produção massiva de drogas em grandes e pequenos campos por toda a Colômbia” e que, por isso, seu governo estava cancelando imediatamente os subsídios enviados à Colômbia. O presidente americano acusou o líder colombiano de transformar o narcotráfico “no maior negócio” da Colômbia e advertiu: “Petro é melhor fechar esses campos da morte imediatamente – ou os Estados Unidos os fecharão, e não será de forma agradável”.
Em resposta, Petro declarou que “Trump está sendo enganado por seus círculos e assessores” e sustentou que foi ele “quem revelou as relações do narcotráfico com o poder político da Colômbia”. O chefe de Estado colombiano defendeu ainda que a chamada “guerra contra as drogas” dos Estados Unidos é “uma política fracassada, responsável por um milhão de mortos na América Latina, usada como desculpa para manter o controle militar sobre a região”.
A crise entre EUA e Colômbia se agravou depois que Petro acusou Washington de “assassinato” durante as operações navais americanas no Caribe, parte da campanha dos EUA contra o narcotráfico que se concentra nas águas próximas à Venezuela. Segundo Petro, “no Caribe caem mísseis como em Gaza sobre lanchas de pessoas que, sejam ou não ativas no tráfico, têm o direito de viver”.
O Ministério das Relações Exteriores da Colômbia confirmou que o embaixador Daniel García-Peña “já se encontra em Bogotá” e que foi chamado “para consultas ordenadas pelo presidente Gustavo Petro” em meio ao “momento de tensão bilateral”.
A crise diplomática também provocou apreensão entre setores produtivos colombianos, após o senador republicano Lindsey Graham confirmar que a Casa Branca prepara tarifas adicionais sobre produtos colombianos. Em abril, quando Trump apresentou sua tabela global de tarifas, a Colômbia havia sido incluída no grupo de países sancionados com a taxa mínima de 10%.
Esta é a segunda vez no ano que Bogotá chama seu embaixador em Washington para consultas. A anterior ocorreu em julho, quando o governo colombiano reagiu a uma decisão dos Estados Unidos de retirar temporariamente seu cônsul em Bogotá, John T. McNamara, após declarações de Petro sobre um suposto complô americano para derrubá-lo do poder.