Reino Unido e França concordaram nesta quinta-feira (10), pela primeira vez, em coordenar o uso de armas nucleares em caso de ataque, conforme anunciado pelo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e pelo presidente francês, Emmanuel Macron, ao final de uma reunião bilateral.
Os líderes assinaram a chamada Declaração de Northwood, que garantirá que, em caso de ataque, os adversários saibam que haverá uma “resposta das duas nações”, afirmou Starmer.
Macron explicou que a decisão é uma resposta a um “ambiente marcadamente mais ameaçador” e ressaltou que ambos os países não podem imaginar um cenário em que uma agressão contra a Europa não provoque uma reação conjunta de Reino Unido e França.
“Esta manhã assinamos a Declaração de Northwood, confirmando pela primeira vez que coordenaremos nossa dissuasão nuclear de forma independente. A partir de hoje, nossos adversários saberão que qualquer ameaça extrema a este continente acarretaria uma resposta de nossas duas nações”, disse Starmer em entrevista coletiva com Macron.
Em sua opinião, o acordo é a prova de que “não há maior demonstração da importância desta relação” entre os dois países.
“É realmente histórico. Sei que há muita atenção no acordo migratório que assinamos, mas o nuclear é igualmente importante, porque somos as duas nações nucleares na Europa”, disse Starmer, além de destacar a dimensão do pacto para Europa e Otan.
Macron ponderou um pouco as palavras de Starmer ao dizer que a decisão alcançada “não exclui coordenar também a dissuasão nuclear”, uma mensagem dirigida tanto a países aliados quanto a adversários.
“A Europa precisa saber que pode contar com uma aliança estratégica entre França e Reino Unido”, declarou o líder francês.
Os dois países combinaram também a criação de uma estrutura conjunta, o Grupo de Fornecimento Nuclear, para coordenar sua cooperação em capacidades e operações atômicas.
“Nossos dois países continuam independentes e soberanos, mas nos demos os meios, quando necessário, para reagir juntos ao ambiente ameaçador ao qual nos vemos confrontados”, acrescentou Macron.