O regime de Daniel Ortega e sua esposa, Rosario Murillo, deu mais um passo para estreitar laços entre a Rússia e a Nicarágua ao autorizar que seu filho, Laureano Facundo Ortega Murillo, firme um acordo de cooperação com a região de Donetsk, território ucraniano que está sob ocupação militar do Kremlin.
A decisão foi publicada nesta segunda-feira (1º) no Diário Oficial La Gaceta, oficializando a autorização para que Laureano, que atua como “assessor presidencial”, assine um pacto nas áreas econômica e comercial com a chamada “República Popular de Donetsk”, nome dado pela Rússia.
A medida ocorre pouco mais de um mês depois de Ortega e Murillo enviarem uma mensagem direta ao ditador Vladimir Putin, na qual reconheceram a anexação russa de quatro regiões ucranianas.
“Em nome do Governo e povo da Nicarágua expressamos nosso respaldo total e reconhecimento pleno às regiões de Donetsk, Kherson, Luhansk e Zaporizhzhia como parte integral do território da Federação da Rússia”, dizia o texto assinado pelo casal no final de julho.
Na mesma carta, afirmaram apoiar “a heroica batalha que a Rússia está travando contra o neonazismo ucraniano que é respaldado pela Otan”.
O chefe do Estado-Maior russo, Valery Gerasimov, afirmou no final de semana que o Exército de seu país controla atualmente 99,7% da região de Lugansk e 79% de Donetsk, além de ter sob domínio 74% de Zaporizhzhia e 76% de Kherson. As quatro áreas foram formalmente anexadas pelo Kremlin em setembro de 2022, após consultas populares consideradas ilegais por Kiev e pelo Ocidente.
Laureano Ortega, filho do ditador Ortega, é alvo de sanções dos Estados Unidos e da União Europeia, acusado de violações de direitos humanos e de apoiar as eleições de 2021, consideradas fraudulentas pela comunidade internacional. Ainda assim, ele tem sido o escolhido pelos pais para liderar as negociações internacionais com aliados estratégicos, como Rússia, China e Belarus, deixando em segundo plano autoridades formais.
Com 79 anos e no poder desde 2007, Daniel Ortega mantém-se como o principal aliado de Vladimir Putin na América Central. A parceria entre os dois países remonta à década de 1980, quando o regime sandinista recebeu armamento soviético para fortalecer suas Forças Armadas. Em outubro de 2024, o regime nicaraguense declarou que Manágua trabalhava “de mãos dadas” com Moscou “pelo surgimento de uma nova ordem mundial multipolar, mais justa, mais solidária, em paz, segurança e bem-estar”.