O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira (27), em entrevista à GloboNews, não saber por que os líderes do Congresso teriam mudado de ideia depois de uma reunião com o governo, e que teria levado à aprovação do projeto legislativo que sustou os efeitos do decreto que elevou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Perguntado se a resposta passa pelo diagnóstico de que a disputa das eleições de 2026 já começou, ele afirmou: “Não quero crer”.
“Eu saí de lá [da reunião com Motta e Alcolumbre] de que estava 100% resolvido o encaminhamento tanto da medida provisória, quanto do decreto. O que aconteceu depois, eu não sei, eu não consigo entender.”
Segundo Haddad, o governo ainda não definiu se de fato irá recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para contestar a decisão dos parlamentares, mas admitiu que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu parecer da Advocacia Geral da União (AGU) a respeito dessa posibilidade.
“A própria Constituição diz que o decreto do presidente tem que respeitar os parâmetros estabelecidos em lei. Isso foi feito”, disse o ministro. “O advogado geral da União recebeu hoje em consulta do presidente com a seguinte pergunta: o decreto legislativo usurpa prerrogativas da Presidência da República? Se sim, recorra. Se não, vamos negociar.”
Haddad também criticou a dificuldade de avançar com propostas estruturais no Congresso, como a reforma da Previdência dos militares e a regulamentação do BPC. “Se eu não estou conseguindo aprovar essa dúzia de iniciativas que vão gerar R$ 20 bilhões, como vamos tratar de temas mais delicados como saúde e educação?”, questionou.
Ele propôs um pacto com líderes partidários para discutir de forma transparente os gastos primários. “Vamos fazer uma reunião sobre gastos primários. Um arranjo global com todo mundo sentado à mesa, inclusive a oposição”, sugeriu.