O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda (13) que a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) “não merece o respeito” de quem ama a democracia. A parlamentar está presa na Itália desde o final do mês de julho após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ter emitido uma ordem de prisão e pedido a inserção do nome dela na difusão vermelha da Interpol.
Carla Zambelli foi condenada a 10 anos de prisão por supostamente ter articulado uma invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) junto do hacker Walter Delgatti Neto.
“Nem lembrava desse nome (Carla Zambelli). Se você não pergunta eu nem sabia que ela estava aqui ou não. Pra mim, é uma pessoa que não merece respeito de quem ama a democracia”, disse Lula ao ser questionado por jornalistas após discursar na abertura do Fórum Mundial da Alimentação, em Roma.
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Lula foi perguntado se chegou a conversar com autoridades italianas sobre a situação da deputada, e se uma possível negativa de extradição dela poderia influenciar nas relações entre os dois países como ocorreu no passado com o ex-terrorista Césare Battisti. O presidente desconversou sobre a citação ao militante italiano de extrema esquerda, e afirmou que a Justiça é quem vai decidir o futuro da parlamentar.
“Ela vai pagar pelo erro que fez, ou aqui ou no Brasil. Portanto, é uma questão da justiça e não uma questão minha”, completou na curta resposta.
Carla Zambelli deixou o Brasil em maio. Inicialmente, ela viajou para os Estados Unidos e se mudou para a Itália, pois tem cidadania italiana. Zambelli anunciou sua saída do país no dia 3 de junho. Um dia depois, a Polícia Federal pediu a inclusão do nome da deputada na difusão vermelha da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol). A lista serve para alertar as polícias dos 196 países membros sobre fugitivos procurados internacionalmente.
Além da pena de prisão, o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, determinou a perda do mandato da parlamentar e o pagamento de multa no valor de R$ 2 milhões em danos materiais e morais.
O hacker Walter Delgatti Neto, que teria atuado a mando de Zambelli, foi condenado a 8 anos e 3 meses de reclusão, inicialmente em regime fechado, além do pagamento solidário da multa imposta. O relator declarou a inelegibilidade dos dois por 8 anos, contados a partir da condenação.
As investigações apontaram que Zambelli teria usado sua estrutura parlamentar para facilitar o ataque cibernético, inserindo documentos falsos no sistema oficial do Judiciário. A ação foi interpretada como tentativa de constranger ministros do STF. A parlamentar negou participação no crime.