O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), foi alvo de críticas nas redes sociais após publicar, nesta segunda-feira (16), uma mensagem comemorando a aprovação da urgência do projeto que revoga o decreto do governo federal sobre o aumento da alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
Na publicação feita no X (antigo Twitter), Motta disse que o “país não aguenta mais o aumento de impostos” e defendeu a necessidade de “trabalhar em conjunto para equilibrar as contas públicas”. No entanto, a postagem recebeu uma nota da comunidade, recurso da plataforma que permite a usuários adicionar contexto a conteúdos considerados enganosos ou incompletos.
A nota destacou que o próprio Hugo Motta é autor de um projeto que amplia os gastos públicos, ao permitir o acúmulo de aposentadoria de ex-congressistas com salários de mandatos eletivos, o que atualmente é proibido.
“Numa aparente contradição, Hugo Motta apresentou projeto de lei que autoriza parlamentares a acumularem aposentadoria com o salário de qualquer mandato eletivo, o que é vedado, hoje, e aprofundaria o problema fiscal brasileiro, exigindo aumento de impostos ou cortes sociais”, diz a nota publicada na plataforma.
Entenda o projeto que permite acúmulo de rendimentos
O projeto em questão é o PL 2.809/2025, apresentado pela Mesa Diretora da Câmara dos Deputados na terça-feira (10). A proposta é assinada por Hugo Motta e representantes de outros partidos da base e da oposição, incluindo PL, PP, União Brasil, PT e PSD.
O texto propõe alterar a Lei 9.506/1997, que proíbe o recebimento simultâneo de aposentadoria como ex-parlamentar e salário de mandato eletivo. Se aprovado, permitirá que congressistas recebam a aposentadoria parlamentar junto com o salário atual de R$ 46.366,19 pagos a deputados e senadores.
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A controvérsia ocorre no momento em que o Congresso e o governo Lula tentam avançar em medidas de ajuste fiscal, com cortes de gastos e revisões tributárias.
A crítica a Motta reforça o desgaste da classe política em meio à percepção pública de privilégios e aumento de custos com a máquina pública, ao mesmo tempo em que se rejeitam medidas de arrecadação, como a elevação do IOF.