A Receita Federal e o Ministério Público de São Paulo revelaram, nesta quinta-feira (25), um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou R$ 450 milhões entre 2020 e 2024 por meio de mais de 60 motéis registrados em nome de “laranjas”.
A investigação, batizada de Operação Spare, é um desdobramento da Operação Carbono Oculto, que já havia identificado a infiltração de membros do PCC (Primeiro Comando da Capital) no setor de combustíveis.
Segundo os investigadores, os motéis eram usados para ampliar o patrimônio dos sócios com a distribuição de dividendos inflados. Em um dos casos, 64% da receita bruta declarada foi revertida em lucros.
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Restaurantes localizados nos estabelecimentos também operavam com CNPJs próprios, movimentando milhões sem compatibilidade com as atividades declaradas.
O Ministério Público identificou ainda que parte dos CNPJs foi utilizada em operações imobiliárias, como a compra de um imóvel de R$ 1,8 milhão em 2021 e outro de R$ 5 milhões em 2023.
As transações estavam ligadas ao núcleo de Flávio Silvério Siqueira, apontado como principal beneficiário do esquema, cuja origem dos valores vinha de jogos de azar, fraudes metrológicas e combustíveis adulterados.
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Os investigadores afirmam que as empresas de fachada transferiam recursos a uma instituição de pagamento usada para ocultar a trilha contábil.
Na prática, esse “buraco” financeiro misturava os valores ilícitos com os de clientes regulares, dificultando o rastreamento. Parte do dinheiro, segundo o MP, chegou a ser utilizada para pagar despesas pessoais de Siqueira e de sua esposa, Sharon Nogueira.
A complexidade das transações exigiu a criação de uma contabilidade paralela, mantida pelo grupo, para registrar as movimentações do esquema.