Nos bastidores de Brasília e São Paulo, neste sábado (12), o assunto não era exatamente o tarifaço de 50% aplicado por Donald Trump ao Brasil nem o de 30% a outros países. O governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos) teria pedido a pelo menos dois ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para liberar o passaporte de Jair Bolsonaro (PL) para ir aos Estados Unidos negociar diretamente com o presidente norte-americano.
O burburinho começou na sexta-feira (11) e “vazou” por meio de uma reportagem da Folha de S.Paulo. Os ministros não gostaram da solicitação, e agora adversários políticos de Tarcísio aproveitam para pedir ações contra o governador.
O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) entrou com uma representação formal direcionada ao procurador-geral da República (PGR), Paulo Gonet, por suposto crime de favorecimento pessoal. Boulos alega, no documento enviado à PGR, “evidente uso da influência política do cargo de governador para tentar afastar Jair Bolsonaro da aplicação da lei penal”.
O parlamentar também sugere que o caso pode configurar corrupção passiva, tráfico de influência e improbidade administrativa.
O PT, por meio de sua liderança na Câmara, apresentou uma ação ao STF. Na mesma linha de Boulos, o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) pediu a investigação de Tarcísio por obstrução de Justiça. As alegações oficiais e extraoficiais vão desde favorecimento político a Tarcísio até a possibilidade de fuga de Bolsonaro no inquérito que investiga a suposta tentativa de golpe de Estado. O processo já está em fase de alegações finais.
Tarcísio nega
Em entrevista coletiva, neste sábado, o governador mudou o tom de em que havia atribuído a reponsabilidade da taxação ao presidente Lula. Ele pediu união de esforços e “sinergia”. Contudo, negou que teria pedido a ministros da Corte a liberação do passaporte de Bolsonaro. Ao ser questionado sobre o pedido, ele respondeu:
“Eu fiz alguma petição lá? Peticionei alguma coisa? Isso é bobagem.”
Na entrevista, Tarcísio comentou os impactos das tarifas sobre o estado de São Paulo, responsável por 32% das exportações brasileiras aos Estados Unidos. Citou empresas como a Embraer, que tem duas unidades no estado, além de prejuízos para o agronegócio – especialmente no setor de suco de laranja e na indústria da cana (açúcar e etanol).
A ideia de enviar Bolsonaro aos EUA já havia sido aventada pelo filho do ex-presidente senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), ao dizer em discurso que “se Lula não tem capacidade poderia pedir ao Alexandre de Moraes para devolver o passaporte que ‘ele vai pra lá e resolve’”.