Convidados, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram não comparecer ao desfile do Sete de Setembro que ocorre na Esplanada dos Ministérios. A solenidade deste domingo é marcada por recados a Jair Bolsonaro e ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e ocorre em meio ao julgamento do ex-presidente brasileiro pela Primeira Turma da Corte.
Entre governistas, a ausência é interpretada como uma escolha calculada para evitar novas tensões institucionais.
Desde que Bolsonaro passou a ser investigado por suposta tentativa de golpe, a relação entre a Corte e o bolsonarismo tornou-se uma das mais delicadas da cena política. O processo em curso no STF pode resultar em condenação do ex-presidente, que cumpre prisão domiciliar desde o início de agosto, elevando o clima de animosidade.
Nesse contexto, a ausência dos magistrados em um evento cívico de grande visibilidade, como o desfile da Independência, passa uma mensagem deindependência em relação ao governo.
O Palácio do Planalto, por sua vez, reiterou os convites e recebeu ministros de Estado, autoridades militares e representantes do Legislativo, como o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Historicamente, integrantes do STF participam do 7 de Setembro, embora de forma irregular. No ano passado, por exemplo, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso e Edson Fachin estiveram presentes, reforçando a percepção de que a ausência coletiva deste ano é excepcional.
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O GLOBO questionou a assessoria do STF sobre as ausências, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. No sábado, havia sido informado que o presidente Luís Roberto Barroso e o ministro Edson Fachin não estariam em Brasília, consolidando a expectativa de que a Corte optou por manter discrição em um momento de alta exposição política.
O desfile de 2025, que também contou símbolos voltados a Trump e Bolsonaro, acabou servindo como um palco duplo: de celebração cívica e, ao mesmo tempo, de recados sobre o patriotismo e a soberania.