Indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a vaga de Supremo Tribunal Federal (STF), Jorge Messias terá como primeira missão estreitar as relações com a cúpula do Senado, que precisará aprovar o seu nome.
Messias tem trânsito na Casa porque já atuou como chefe de gabinete do senador Jaques Wagner (PT-BA), atual líder do governo no Senado, mas precisará reforçar os laços com o presidente Davi Alcolumbre (União-AP). Nesta semana, Wagner afirmou que Messias não tem “arestas” na Casa.
A preocupação com a votação cresceu depois que o procurador-geral da República, Paulo Gonet, foi reconduzido na semana passada por margem estreita — apenas quatro votos acima do mínimo necessário. Nos bastidores, líderes da base admitem que só evitaram uma derrota inédita graças a uma operação emergencial que arrancou dois votos da oposição e contou com a articulação direta de Davi Alcolumbre para manter o quórum alto em uma semana de esvaziamento.
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Wagner deve atuar como o principal cabo eleitoral de Messias no Senado até a sabatina. A tendência é que o indicado por Lula inicie uma romaria pelos gabinetes da Casa. O líder do governo provavelmente o ajudará a marcar essas conversas.
O senador pela Bahia transita bem pelo Senado, com bom diálogo inclusive com parlamentares de oposição.
Alcolumbre deixou claro que tinha preferência por Rodrigo Pacheco (PSD-MG), seu antecessor no comando do Senado e aliado. Petistas admitem que o mineiro seria aprovado com mais facilidade, mas não acreditam que haja risco de Messias ser rejeitado de forma inédita.
O fato de o atual advogado-geral da União ser evangélico da Igreja Batista será um trunfo usado nas conversas com os senadores mais conservadores.
Messias precisará ser sabatinado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e ter o nome aprovado pelo plenário principal da Casa. São necessários, pelo menos, 41 votos para a aprovação.
Quem é Messias?
Servidor público de carreira, Messias foi procurador do Banco Central e procurador da Fazenda Nacional. Ao se envolver no movimento sindical das carreiras da AGU, atuou no Ministério da Educação, na gestão de Mercadante, onde foi secretário de Regulação. Foi nesse período que passou a se aproximar de dirigentes do PT.
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No governo Dilma, foi subchefe de Assuntos Jurídicos e trabalhava com a ex-presidente em um dos momentos mais delicados do PT no Palácio do Planalto. Na época, teve seu nome nacionalmente exposto por uma interceptação telefônica divulgada na Lava Jato, em uma conversa entre Lula e Dilma, em março de 2016. Na ocasião, Dilma avisou a Lula que enviaria, por meio de “Bessias”, um termo de posse para que ele assinasse e, assim, se tornasse ministro da Casa Civil. A interceptação foi captada depois que o então juiz Sergio Moro havia mandado as operadoras de telefonia interromperem as gravações, o que levou à sua divulgação ser considerada ilegal pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Messias e Dilma nunca se afastaram. A ex-presidente esteve na cerimônia de posse de Messias como ministro da AGU, em 2023, e em um jantar reservado à família e amigos próximos. Em 2019, Messias trabalhou no gabinete do senador Jaques Wagner (PT-BA). Com a vitória de Lula em 2022, obteve papel de destaque já na transição, quando coordenou o grupo dedicado a temas relacionados à Transparência, Integridade e Controle.
Dentro do governo, construiu uma relação próxima com a ministra da Gestão, Esther Dweck, e com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira. Também tem entre seus principais aliados os ministros da Casa Civil, Rui Costa, da Fazenda, Fernando Haddad, e a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.
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