O presidente da França, Emmanuel Macron, voltou a criticar nesta terça-feira (13) o premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, acusando-o de causar uma “tragédia humanitária inaceitável” na Faixa de Gaza.
“O que o governo de Benjamin Netanyahu está fazendo é inaceitável. Não há água, nem remédios, os feridos não conseguem sair, os médicos não conseguem entrar. O que ele está fazendo é vergonhoso”, disse Macron, em entrevista à emissora TF1.
“Precisamos dos Estados Unidos. O presidente [Donald] Trump tem o poder de negociar. Tive uma conversa dura com o primeiro-ministro Netanyahu. Fiquei irritado, mas eles [Israel] não dependem de nós, dependem de armas americanas”, acrescentou.
O presidente da França disse que cogita propor a revisão dos acordos de cooperação da União Europeia com Israel, como os que incluem a isenção de taxas alfandegárias sobre determinados produtos. O governo Netanyahu ainda não se pronunciou sobre os comentários de Macron.
Em 2 de março, o governo de Israel iniciou um bloqueio da entrada de ajuda humanitária em Gaza, para pressionar o grupo terrorista Hamas a entregar os reféns que permanecem no enclave.
Na segunda-feira (12), a ONG Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar (IPC, na sigla em inglês) divulgou um comunicado alegando que “toda a população [de Gaza] está enfrentando altos níveis de insegurança alimentar aguda, com meio milhão de pessoas sob risco de passar fome”.
Segundo informações do jornal The Times of Israel, a Coordenadoria de Atividades Governamentais nos Territórios (Cogat), um órgão do governo israelense, disse que projeções anteriores da IPC sobre a fome em Gaza desde o início da guerra não se “materializaram” e que as análises da ONG “se baseiam em suposições que se provaram imprecisas e alarmistas repetidas vezes”.
A Cogat ainda acusou a ONG de “falta de transparência” na coleta de informações e disse que a análise não levou em consideração “o enorme volume de ajuda humanitária, especialmente alimentos, que entrou em Gaza durante o cessar-fogo” de dois meses, entre janeiro e março.