“Lula tem que se adaptar ao Congresso, não o contrário”, diz Ciro Nogueira sobre IOF

LISBOA – O senador Ciro Nogueira (PP-PI) afirmou nesta quarta-feira (2), durante participação no Fórum Jurídico de Lisboa, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva precisa se adaptar à composição do Congresso Nacional, de maioria centro-direita, e não esperar que o Parlamento mude para atender aos interesses do governo. “Lula tem que se adaptar ao Congresso, não é o Congresso que tem que se adaptar a ele”, disse o ex-ministro da Casa Civil, a jornalistas.

Segundo o senador, Lula atravessa seu “pior momento de popularidade” e está recorrendo a uma estratégia de enfrentamento com o Legislativo como forma de tentar se reposicionar politicamente, o que, na avaliação dele, é um erro. “Isso vai nos dividir e não tem chance de dar certo. O presidente sabe desde a eleição que o Parlamento eleito representa uma outra vontade popular. Essa realidade precisa ser respeitada.”

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Ciro negou que o atual embate entre Planalto e Congresso represente risco de impeachment, mas defendeu que o Parlamento atue como “dique de contenção” contra o que chamou de “gastança desenfreada” do Executivo. Ele também criticou duramente a decisão do governo de aumentar o IOF, alegando que a medida atinge justamente os brasileiros mais pobres. “É mentiroso dizer que o IOF não afeta os mais pobres. Quem usa crédito, quem parcela, é o pobre, não o rico.”

O senador criticou ainda o discurso do governo de responsabilizar “os ricos” pelas dificuldades fiscais. Segundo ele, esse tipo de retórica já se mostrou ineficaz no passado. “Lula está querendo reeditar um discurso de 1989 que já foi derrotado. Na época do consenso, ele foi vitorioso. Agora está radical, ultrapassado. Espero que ele reveja isso.”

Por fim, Ciro defendeu que o esforço de contenção de gastos precisa ser compartilhado entre todos os Poderes. “Sente com o Congresso para discutir onde cortar despesas. Corte no Executivo, no Legislativo, no Judiciário. Vamos mostrar que todos estão se sacrificando, não apenas buscando mais dinheiro no bolso do contribuinte.”