A entrega de cestas básicas para indígenas yanomami gerou acúmulo de lixo nas aldeias. Para resolver o problema, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por meio do Ministério do Trabalho, desembolsou R$ 15,8 milhões em um contrato com uma cooperativa que vai retirar o lixo do território localizado em Roraima.
A verba para a entidade contratada, a Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários do Brasil (Unisol Brasil), foi integralmente depositada no dia 31 de dezembro de 2024, três dias após a assinatura do convênio.
O acordo foi firmado por meio da Secretaria de Economia Popular e Solidária, chefiada por Gilberto Carvalho (PT), ex-ministro e conselheiro próximo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A Gazeta do Povo tentou contato com o governo federal e com a cooperativa para saber se o trabalho já começou, mas não teve retorno até o fechamento da matéria. A reportagem também buscou contato com o Ministério dos Povos Indígenas para entender qual o motivo de o contrato não ter sido firmado diretamente com a pasta responsável pela gestão das terras e dos territórios indígenas.
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As cestas básicas passaram a ser entregues aos indígenas após o governo decretar uma crise humanitária na Terra Yanomami no começo de 2023. Os dados sobre mortes e desnutrição dos indígenas fizeram com que o governo destinasse mais de R$ 1,2 bilhão em ações no território somente em 2024.
A alegada solução para a desnutrição gerou o novo problema a ser resolvido que consta no plano de trabalho apresentado pela entidade contratada. “O Governo Federal realizou a entrega de cerca de 97 mil cestas de alimentos aos Yanomamis e Ye’kwana, estes alimentos que chegam às comunidades geram resíduos, que se não forem retirados, terão impacto ambiental e na própria saúde dos indígenas”, aponta o documento.
Além da “logística reversa”, o plano prevê a mobilização e capacitação de indígenas acerca dos benefícios relacionados a destinação adequada dos resíduos. Para isso, três organizações de catadores de materiais recicláveis, formadas por cerca de 80 pessoas, devem atuar no local. Há ainda a previsão de que 20 “agentes indígenas recicladores” atuem no projeto ao custo de R$ 880 mil.
Ainda de acordo com o plano de trabalho, o lixo deve ser retirado de 10 bases que ficam dentro do território yanomami. O território tem uma área de cerca de 9,6 milhões de hectares. Essa área é maior que a área dos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo juntos.
A divulgação das ações também está prevista no plano. Somente a comunicação dos resultados deve custar R$ 305 mil.