O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do PT na Câmara dos Deputados, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que bloqueie os bens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e da ex-primeira-dama Michelle após a Polícia Federal identificar uma suposta movimentação suspeita de R$ 30 milhões em um ano. A apuração faz parte do relatório da Polícia Federal que levou ao indiciamento dele e do filho, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por coação no curso do processo que apura uma alegada tentativa de golpe de Estado.
Na representação encaminhada ao ministro Alexandre de Moraes nesta quinta (21), Lindbergh pede a instauração de um inquérito criminal, bloqueio, sequestro e indisponibilidade de bens e quebra de sigilos bancário, fiscal e telemático do casal, de Eduardo e do vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ).
“Entrei com representação no STF pedindo o bloqueio de R$ 30 milhões de Jair Bolsonaro. É uma movimentação atípica, muito mais do que aquela campanha do PIX. Uma parte desse dinheiro foi pra financiar as atividades do Eduardo Bolsonaro fora do Brasil. [Foram] contra o Brasil pra pressionar o STF”, afirmou.
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Lindbergh Farias também citou uma das apurações da Polícia Federal de que Bolsonaro teria transferido R$ 2 milhões para Michelle no dia em que prestou depoimento à autoridade, que o deputado classifica como “ocultação de patrimônio”.
“Queremos saber de onde vem esse dinheiro, tem muita ponta solta nisso”, completou.
Segundo a apuração da Polícia Federal, Bolsonaro teria recebido cerca de R$ 30 milhões em suas contas bancárias entre março de 2023 e fevereiro de 2024, com indícios – de acordo com a autoridade – de lavagem de dinheiro e outros ilícitos. Parte do dinheiro teria sido transferida para Michelle, Eduardo e Carlos.
Os advogados do ex-presidente afirmaram estar “surpresos” com o novo indiciamento e que “os elementos apontados na decisão serão devidamente esclarecidos dentro do prazo assinado pelo Ministro relator. A defesa também pontuou que “jamais houve o descumprimento de qualquer medida cautelar previamente imposta”.
O relatório da PF indicou que o ex-presidente manteve intensa atividade nas redes sociais durante a investigação mesmo após a imposição de medidas cautelares. Moraes determinou que a defesa explique a minuta de suposto pedido de asilo político na Argentina em até 48 horas – prazo que vence na noite desta sexta (22).
“Durante a investigação e com a realização da restauração de dados salvos por meio de backup, a Polícia Federal verificou a intensa atividade de Jair Messias Bolsonaro na produção e propagação de mensagens destinadas às redes sociais, em clara afronta a medida cautelar anteriormente imposta”, pontuou.