Durante o julgamento na 1ª turma do STF do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros réus acusados de participação em uma trama golpista, a defesa de alguns dos acusados fez referência ao Caso Dreyfus, um dos maiores escândalos políticos e judiciais da história da França. Mas o que foi o Caso Dreyfus?
O que foi o Caso Dreyfus
O caso, ocorrido entre 1894 e 1906, envolveu o oficial francês Alfred Dreyfus, que foi injustamente condenado por traição, em um processo marcado por antissemitismo e manipulação política.
Alfred Dreyfus, um capitão do exército francês de origem judaica, foi acusado de passar segredos militares à Alemanha. Apesar da falta de provas concretas, ele foi condenado e enviado para uma prisão na Ilha do Diabo, na Guiana Francesa.
Anos depois, investigações revelaram que o verdadeiro culpado era outro oficial, mas o exército francês tentou encobrir o erro, prolongando a injustiça.
O caso ganhou repercussão internacional e dividiu a sociedade francesa entre os “dreyfusards”, que defendiam a inocência de Dreyfus, e os “anti-dreyfusards”, que apoiavam sua condenação.
“Eu acuso!”
Escritores e intelectuais, como Émile Zola, tiveram papel fundamental ao denunciar a injustiça, especialmente com o famoso artigo “J’Accuse!” [“Eu acuso!”], que expôs a corrupção e o preconceito envolvidos no processo.
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O Caso Dreyfus permanece como um símbolo histórico de erro judiciário, preconceito e luta pela justiça, sendo frequentemente citado em debates sobre direitos humanos e processos judiciais controversos.
A referência ao Caso Dreyfus no julgamento de Bolsonaro serve para ilustrar alegações de que o processo contra os réus estaria marcado por injustiças e perseguições políticas, assim como ocorreu na França no século XIX. A defesa busca, assim, questionar a imparcialidade e a legitimidade das acusações.