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Israel vive expectativa de retorno dos reféns entre esperança e angústia

Desde que foi acordada a primeira fase do plano de paz do presidente americano, Donald Trump, Israel vive uma mistura de esperança e angústia com o retorno dos reféns, após dois anos de guerra e cativeiro.

A expectativa é de que familiares e amigos tenham notícias de seus entes queridos até a segunda-feira (prazo final dado ao Hamas para entregar os reféns).

No entanto, existe a hipótese dos sobreviventes – acredita-se que 20 pessoas – serem libertados ainda neste final de semana. Os outros 28 reféns são considerados mortos e o Hamas deve entregar seus corpos a Israel também nesta semana.

O representante do Fórum das Famílias dos Sequestrados e Desaparecidos para o Brasil, Rafael Azamor, contou à Gazeta do Povo detalhes dessa espera pelo retorno dos reféns a Israel.

“As famílias vivem uma montanha-russa emocional. Por um lado, há sinais positivos [com o acordo], como as negociações em curso e precedentes de trocas anteriores, que mantêm a chama da esperança acesa. Por outro lado, o tempo que passou, dois anos vividos em condições extremas, naturalmente, alimenta o medo”, afirmou.

Segundo Azamor, que acompanha de perto esse processo de libertação das vítimas, a maioria das famílias oscila entre um otimismo cauteloso e um receio profundo. Isso porque ninguém sabe concretamente o estado de saúde, físico e mental, dos reféns.

“Não se trata de pessimismo gratuito. Já vimos casos anteriores de ex-reféns com traumas psicológicos severos, problemas físicos graves e, em muitos casos, um longo processo de reintegração à vida normal. A realidade é que, mesmo com a libertação, o pesadelo não termina ali. […] Não existe um botão de ‘reset’ que permita apagar dois anos de sofrimento”, destacou.

Celebração após o anúncio de um acordo de paz na Praça dos Reféns em Tel Aviv, Israel. Crédito: EFE/ Abir Sultão (Foto: EFE/ Abir Sultão)

O representante brasileiro do principal fórum de famílias de reféns afirmou que o esperado retorno dos reféns “será apenas o começo de uma nova e complexa etapa”.

A israelense Maya Levy, de 23 anos, contou à Gazeta do Povo que aguarda com uma “alegria imensurável” o retorno dos reféns. Ela participou de diversas manifestações nos últimos meses pressionando o Hamas a libertar suas vítimas.

“Israel é um país bem pequeno, então todos se sentem parte de uma grande família, mesmo que você não conheça pessoalmente um refém, o retorno deles parece o retorno de alguém da sua própria família”, afirmou.

Segundo a estudante, “o povo de Israel, junto às famílias dos reféns, lutou e rezou todos os dias pela volta deles. Por isso fico tão emocionada pelas famílias cujos entes queridos finalmente estão voltando, depois de uma longa espera — uma espera durante a qual nunca perderam a esperança, nem por um instante”, acrescentou.

Ela diz que agora que “nossos corações estão mais inteiros, podemos começar a reabilitar todos os soldados que lutaram com bravura dia e noite, arriscando seus corpos e suas almas. Apoiaremos os sobreviventes do Festival Nova e não esqueceremos de estar ao lado de todas as famílias que perderam seus entes queridos”.

“Faremos tudo o que for necessário para ajudar os reféns que retornam a se curarem. Vamos abraçá-los e abraçar suas famílias com força, e, claro, daremos um enterro digno a todos aqueles que, infelizmente, não sobreviveram”, disse.

Levy afirmou ainda que, embora a guerra tenha terminado, os israelenses “nunca perdoarão ou se esquecerão do que foi feito”. Mesmo assim, ela destacou que os objetivos dos manifestantes no momento é defender a reconstrução da Faixa de Gaza e devolver todas as pessoas às casas que foram destruídas em 7 de outubro em Israel.

“Há alguns meses, li um artigo em que um dos terroristas que participou do ataque dizia que, quando o povo de Israel está unido, é quando eles mais nos temem. E assim, espero e desejo que, depois de tudo o que passamos juntos, saibamos deixar de lado nossas diferenças e realmente cuidar uns dos outros. É nesse momento que somos mais fortes. A nação judaica sempre escolheu a vida — e sempre escolherá”, completou, agradecendo os judeus da diáspora e todos que apoiaram Israel no período de guerra.

A primeira fase do plano de paz envolve a libertação de todos os reféns mantidos no enclave palestino. Ainda, está em vigor um cessar-fogo, que contará com a supervisão de militares dos Estados Unidos, programados para chegar em Israel ainda neste sábado (11). Conforme relatado pela emissora americana ABC News, 200 soldados americanos devem participar dessa operação, sem entrar na Faixa de Gaza, segundo destacaram duas autoridades americanas.

Em troca dos reféns, Israel libertará cerca de dois mil presos palestinos, incluindo terroristas do Hamas e da Jihad Islâmica. As Forças de Defesa (FDI) também recuaram até uma linha acordada com o Hamas, mas continuam dentro do enclave palestino.

Reféns receberão atendimento médico e psicológico após libertação

Azamor explica que o primeiro passo com o retorno do reféns é o atendimento médico e psicológico. “Os reféns passam imediatamente por exames clínicos, avaliações nutricionais e, talvez o mais importante, acompanhamento psiquiátrico. Muitos podem ter sofrido tortura, privação sensorial, violência sexual ou testemunhado atrocidades”, disse, acrescentando que não é raro receber reféns em estado de choque ao reencontrar suas famílias.

Uma segunda etapa de cuidados envolve a reintegração social e familiar. “Muitas vezes, o refém volta com uma carga emocional que o distancia da imagem que a família manteve viva por anos. Esse descompasso pode gerar conflitos, frustrações e silêncios dolorosos. Por isso, Israel disponibiliza equipes multidisciplinares para mediar esse reencontro”. Psicólogos, assistentes sociais e terapeutas familiares fazem parte desse processo de reintegração.

Outro passo é o acompanhamento de longo prazo. Segundo Azamor, essa etapa conta com um suporte do governo para oferecer realocação, mudança de trabalho e proteção adicional aos reféns. “Tudo vai depender do caso e da exposição pública da vítima”.

Representante do fórum lembra “abandono” do governo Lula em caso de brasileiro morto pelo Hamas

Apesar de não existirem brasileiros na atual lista de reféns que devem ser libertados de Gaza, Rafael Azamor relembrou um caso marcante de Michel Nisenbaum, cidadão brasileiro-israelense sequestrado e brutalmente assassinado por terroristas em 7 de outubro de 2023 enquanto dirigia para encontrar sua neta de quatro anos.

Ele teve o corpo levado para o enclave palestino, onde ficou até 24 de maio de 2024, quando Israel recuperou seus restos mortais.

O governo do Brasil, de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), chegou a publicar uma nota em rede social dizendo que recebia a notícia com “imensa tristeza” e que continuaria “lutando pela libertação de todos os reféns”.

O representante do Fórum de Famílias, no entanto, afirmou que os esforços diplomáticos do petista foram “pouco percebidos” na prática pelo grupo e pela família de Michel Nisenbaum. “Apesar dessa declaração pública, a família de Michel, especialmente sua filha e sua irmã, expressou frustração com o silêncio do governo”.

Segundo Azamor, elas foram recebidas por Lula dois meses após o massacre, em Brasília, ocasião na qual ele prometeu acompanhar a situação. Contudo, “não houve qualquer retorno ou acompanhamento oficial. Nenhum telefonema, nenhuma atualização, nem mesmo após a confirmação da morte. Isso deixou a família com uma amarga sensação de abandono”, disse ele.

Lula se juntou à lista de líderes internacionais que condenaram as operações militares de Israel em Gaza após os ataques terroristas. O petista acusa o país de “genocídio” e teve declarações nesse sentido elogiadas pelo Hamas.

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