O pedido de impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes polariza o Senado, com 41 assinaturas — quantidade suficiente para o início da tramitação em comissão especial, além de 19 senadores contrários, conforme o monitoramento do site votossenadores.com.br. No espectro do centro, 21 parlamentares ainda permanecem em “cima do muro”, entre eles os senadores por São Paulo Giordano (MDB) e Mara Gabrilli (PSD).
Os partidos dos dois senadores paulistas, MDB e PSD — que integram o Centrão no Congresso Nacional — possuem parlamentares contrários e favoráveis, o que não surpreende pela postura das legendas nas relações com a prefeitura paulistana e com os governos estadual e federal.
Em 2024, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) foi reeleito em uma chapa com articulação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que indicou o vice-prefeito Ricardo Mello Araújo (PL) na formação da chapa. No entanto, o senador Giordano, que assumiu o mandato após a morte de Major Olímpio, declarou naquela disputa apoio ao candidato da esquerda Guilherme Boulos (Psol).
No último domingo (3), Nunes participou do ato na avenida Paulista contra Alexandre de Moraes e a postura do prefeito de São foi elogiada pelo presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto. Já Giordano tem no seu histórico a participação no evento de posse dos ministros do governo Lula, que conta com os emedebistas Jader Filho e Simone Tebet.
O PSD, liderado nacionalmente por Gilberto Kassab, também segue com um pé em cada canoa. No comando de três ministérios do governo Lula, o partido é um dos principais da base de apoio à gestão do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Além de Kassab, que ocupa a Secretaria de Governo, a chapa vencedora nas eleições de 2022 conta com o vice-governador Felício Ramuth (PSD).
A senadora Mara Gabrilli integra a base aliada ao governo Lula, mas possui um histórico de críticas ao PT, sem se comprometer com as pautas da direita conservadora. O que é mesmo certo é a lealdade ao presidente nacional do PSD.
Em entrevista à CNN, no mês de junho, Mara Gabrilli afirmou não deve buscar à reeleição ao Senado e sim disputar uma vaga na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). “Quero colaborar com um projeto maior e ajudar o Kassab a ser governador de São Paulo se o Tarcísio disputar à Presidência, ou vice, se ele tentar a reeleição”, revelou.
O pedido de impeachment contra Moraes precisa do respaldo de 41 senadores para avançar para a comissão especial e eventual votação no plenário, onde se exige a maioria qualificada para a destituição. No entanto, depende da decisão do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), para ser colocado em pauta.