domingo , 13 julho 2025
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Governadores presidenciáveis recuam no apoio a Trump após tarifaço

Depois de mirar em Lula (PT) pelo desastre diplomático com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que anunciou taxação de 50% a produtos brasileiros, os governadores presidenciáveis de oposição passaram a adotar um discurso diplomático para evitar danos econômicos em alguns dos estados mais produtivos do país. O recuo dos governadores de São Paulo, Minas Gerais e Goiás é estratégico e visa separar “o joio do trigo” com prioridade para a economia, deixando a política partidária em segundo plano.

O caso mais emblemático foi do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que se tornou o principal alvo da militância de esquerda e de ministros do governo Lula. A onda de ataques contra Tarcísio foi atrelada ao vídeo em que o governador paulista aparece com o boné da campanha de Trump, do início do ano, quando o presidente republicano assumiu a Casa Branca. 

Após o anúncio do tarifaço, Tarcísio afirmou que Lula colocava a “ideologia acima da economia”, voltou a demonstrar apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e trocou farpas com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Com a alta temperatura institucional, o governador de São Paulo recuou, adotou um discurso conciliador e se encontrou com um representante da embaixada dos Estados Unidos nesta sexta-feira (11).

Na avaliação do consultor político e administrador Samuel Oliveira, o recuo dos governadores é estratégico e se alinha ao setor produtivo, que passou a cobrar medidas diplomáticas em relação a Trump para evitar prejuízos econômicos. “Mais do que as questões eleitorais, as federações e confederações da indústria, do agro e de outras áreas, alertaram para os riscos no setor produtivo e para as consequências econômicas, como o desemprego”, apontou.

Oliveira lembrou que os Estados Unidos são o principal parceiro comercial do estado de São Paulo, com destaque para o suco de laranja paulista, que tem um grande consumo no mercado norte-americano. Para ele, o desgaste com o agronegócio em estados protagonistas pode ter efeito nas eleições do próximo ano e até favorecer Lula, que tem dificuldade em se aproximar dos produtores brasileiros.

“O agro tem uma agenda presente na centro-direita e se aproximar de Lula para fazer uma tratativa, na mesa de negociação, não seria interessante para a oposição […] No final das contas, o interesse econômico, com certeza, fala mais alto para o recuo dos governos até pela possibilidade de repercussão eleitoral”, analisa.

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Tarcísio cobra mesa de negociação

O governador de São Paulo encontrou-se com o encarregado de negócios da embaixada dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, e disse que defendeu a negociação das tarifas na reunião com abertura do diálogo entre os parceiros comerciais. “Conversamos sobre as consequências da tarifa para a indústria e o agro brasileiro e também o reflexo disso para as empresas americanas. Vamos abrir diálogo com as empresas paulistas, lastreado em dados e argumentos consolidados, para buscar soluções efetivas. É preciso negociar. Narrativas não resolverão o problema”, declarou.

Na quinta-feira (10), Tarcísio comentou que tem adotado uma postura republicana com o governo federal em assuntos importantes para o estado paulista e que espera a mesma atitude nas negociações com os Estados Unidos para evitar a taxação que, se confirmada, começa a vigorar a partir de 1º agosto. “Toda hora que a gente vai para a mesa de negociação com o governo federal, a nossa postura tem sido de deixar a questão política de lado e pensar no interesse do estado de São Paulo e no cidadão.” 

Na avaliação do governador paulista, o Brasil é a economia do G20 que mais se afastou dos Estados Unidos, colocando em risco a tradicional relação bilateral. “Está na hora de sentar com maturidade, com visão de Estado, deixando as narrativas […] Tem uma série de posturas que não condizem com a nossa tradição democrática e eu espero que o Brasil sente à mesa e resolva o problema das tarifas”, cobrou.

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Defender a liberdade não pode significar atacar quem produz no Brasil, diz Zema

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), reforçou o apoio a Bolsonaro, que trava uma queda de braço com o STF e com o Congresso Nacional, em consequência dos processos envolvendo a suposta tentativa de golpe e a anistia do 8 de janeiro. O chefe do Executivo mineiro ressaltou a necessidade de separar as questões políticas e ideológicas da relação bilateral com os Estados Unidos para que a economia do país não seja impactada pela alta na tarifa de exportações.

“Não tenho dúvida de que há tentativas de censurar a oposição a Lula nas redes sociais, de acabar com a nossa liberdade de expressão. O STF já passou dos limites. As provocações e intromissões de Lula em assuntos dos Estados Unidos são lamentáveis. Mas esses erros e essas injustiças não devem ser consertadas com mais injustiças e erros”, declarou em um vídeo divulgado nas redes.

Zema defendeu que a taxação seja negociada pelo governo federal antes de entrar em vigor para não penalizar os brasileiros e as empresas que investem no Brasil por causa de disputas políticas. “Defender a liberdade não pode significar atacar quem trabalha e quem produz no Brasil”, declarou o mineiro.

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Caiado sugere negociação com Trump via Congresso

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), afirmou que procurou os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado e defendeu a intermediação do Congresso Nacional para pacificar a crise entre o governo brasileiro e a gestão Trump na Casa Branca. 

“Sugeri ao presidente da Câmara e do Senado que constituam uma comissão parlamentar para que essa situação tarifária não venha da maneira como foi colocada, de um lado e de outro. Há que se ofertar ao brasileiro uma condição de tranquilidade, ninguém suporta mais esse quadro no Brasil, de um governo que não faz por onde para proteger o seu país”, declarou.

No dia anterior, após o anúncio de Trump, Caiado comparou Lula ao ditador da Venezuela Hugo Chávez (morto em 2013), por causa dos ataques contra os Estados Unidos. O governador goiano disse que uma comissão parlamentar poderia mostrar aos norte-americanos que as declarações do presidente não representam o pensamento do povo brasileiro. 

“De caso pensado, Lula declara uma guerra contra o Congresso Nacional, tenta deflagrar uma luta de classes entre ricos e pobres (depois de ter assaltado os aposentados) e sai em ataque ao presidente dos Estados Unidos, país que sempre foi nosso aliado”, declarou nas redes.

Ratinho Junior ainda não se manifestou sobre o tarifaço de Trump

De férias, o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), que também é cotado como candidato a presidente em 2026, não se manifestou publicamente sobre o tarifaço de Trump até a publicação desta reportagem. Por meio da assessoria de imprensa, o governo do estado disse que não teria posicionamento sobre o assunto.

Por outro lado, nesta sexta-feira (11), Ratinho Junior usou as redes sociais para lamentar a morte de uma menina de 11 anos no Cânion Fortaleza, localizado no Parque Nacional da Serra Geral, em Cambará do Sul (RS). A família da criança, que sofreu uma queda de 70 metros, é de Curitiba.

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