segunda-feira , 25 agosto 2025
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Ex-prisioneiras ucranianas relatam abusos dentro dos cativeiros russos

Há exatos 10 dias, a Rússia fez uma troca de prisioneiros com a Ucrânia e libertou dezenas de civis, incluindo mulheres, como Yuliia Panina, Maryna Berezniatska e Svitlana Holovan, residentes da região de Donetsk, que estavam presas desde 2019.

Dias após serem libertadas, elas relataram os abusos sofridos durante o cativeiro russo, em uma conferência em Kiev, capital ucraniana. O evento foi organizado por Liudmyla Huseinova, diretora da ONG Numo Sisters, também sobrevivente do cárcere russo.

Abusos psicológicos, físicos e sexuais

Entre as regras impostas pelos russos durante o cativeiro, uma das principais era a proibição do idioma nativo dos ucranianos sob pena de mais tortura. A diretora da ONG que abriu o evento mencionou que elas foram “obrigadas a falar russo durante todo o cativeiro” e, quando libertas, chegaram a se perguntar se “seriam capazes de voltar a falar ucraniano”.

Liudmyla cita crimes cometidos por russos dentro do cativeiro: abusos físicos e sexuais, interrogatórios diários e intermináveis, humilhações, isolamento, simulações de execução, privações dos direitos mais básicos como acesso à água, comida, higiene e medicamentos. 

“É preciso reconstruir-se psicologicamente e fisicamente. Lembro que nos seis primeiros meses após minha libertação, ainda tinha picos de adrenalina. A gente se sente forte, acha que pode superar tudo sozinha, mas depois de alguns meses, os problemas de saúde física e mental começam e nos dominam. Psicólogos nos ajudam, e sou grata por isso, mas quando não se tem onde dormir, isso não ajuda. Acho que isso não é normal, pois já faz 11 anos que pessoas voltam do cativeiro, e esse problema ainda não foi resolvido”, diz a diretora da ONG Numo Sisters, citando que as civis recentemente libertadas precisam de amparo urgentemente.

“Sobrevivemos à tortura, mas a esperança sempre persistiu. Em breve, poderei rever meus filhos, que cresceram muito. Por isso minhas emoções, as lágrimas, a alegria, se misturam”, disse Svitlana Holavan, que era operária em uma fábrica de conservas de peixe em Novoazovsk, cidade que fica na fronteira com a Rússia. Ela foi presa em razão de ter parentes em território ucraniano, o que tornou ela suspeita aos olhos do Kremlin.

“Rezei tanto para que isso acontecesse, e meu suplício finalmente acabou. Em breve, poderei rever meus filhos, que cresceram muito. Por isso minhas emoções, as lágrimas, a alegria, se misturam”, relata.

“Ainda não consigo acreditar que esse inferno, que dominou minha vida por seis anos, acabou. Quando vi todas aquelas pessoas nos recebendo quando chegamos de ônibus, senti emoções positivas como não sentia há seis anos”, diz Svitlana, cujas filhas conseguiram se refugiar na Alemanha.

Manifestantes denunciam crimes de guerra da Rússia. EFE/EPA/FILIP SINGER (Foto: EFE)

Yuliia Panina, que foi sequestrada pelo FSB (serviço de segurança de Moscou) enquanto levava sua filha de 13 anos à escola, falou sobre o alívio do momento de sua libertação: “Quando cruzamos a fronteira e chegamos à região de Chernihiv, vimos bandeiras ucranianas. As pessoas nos saudavam, foi maravilhoso ver isso, um alívio”.

Emocionada, ela recorda suas companheiras de cela em Izolyatsia — antes, um antigo centro cultural em Donetsk. “Para nós, o milagre aconteceu, e estamos aqui. Mas lá, na detenção, ainda há mulheres, pelo menos seis, que estão presas há muito tempo”.

Já Svitlana Holavan, que trabalhava em um abrigo de animais, presa por suspeita de colaborar com o serviço secreto de Kiev, diz que “ainda está digerindo” o cárcere.

 No momento da libertação, eu não conseguia, e ainda não consigo, expressar meus sentimentos. Não se entende imediatamente que é real, que tudo acabou, que uma nova vida começa, que tudo isso ficou para trás. O mais terrível foi o sofrimento das nossas famílias na espera. Fomos todas fortes, mas foi difícil”.

As quatro ucranianas testemunhas da barbárie russa foram presas de maneira injusta e criminosa. Na plateia, Viktor Missak, representante do procurador-geral da Ucrânia garantiu às ex-cativas que a justiça será feita.

“Muitas pessoas cometeram crimes de guerra, incluindo soldados russos e diretores de centros de detenção ilegais. Estamos identificando e acusando essas pessoas à revelia, e um dia, elas estarão no banco dos réus diante de um tribunal ucraniano ou internacional, e serão julgadas”.

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