A Marinha dos Estados Unidos informou na terça-feira (23) que lançou quatro mísseis balísticos de alcance intercontinental na semana passada, a partir de águas da costa leste da Flórida, como teste.
A medida é uma aparente demonstração de poder militar em um momento de aumento de tensões com a Venezuela.
Embora seja comum as Forças Armadas dos EUA relatarem seus testes de mísseis posteriormente, e a Marinha tenha enfatizado em um comunicado que esses testes “não foram realizados em resposta a nenhum evento internacional”, o texto menciona que um dos quatro lançamentos, o do último domingo, “iluminou o céu noturno e foi visível de Porto Rico”.
A referência explícita a Porto Rico, que fica a cerca de 700 quilômetros da costa da Venezuela, não parece casual se levarmos em conta que os lançamentos de teste foram realizados em um quadrante na costa leste da Flórida, muito distante do território livre associado, especificamente a cerca de 1.500 quilômetros.
Os projéteis, que foram lançados de um submarino da classe Ohio entre 17 e 21 de setembro, são do tipo Trident II D5, um míssil balístico lançado de submarino (SLBM) com capacidade para carregar ogivas nucleares e com um alcance estimado em 12 mil quilômetros.
Com o objetivo de combater o narcotráfico proveniente da costa venezuelana, os EUA mobilizaram pelo menos oito navios no Caribe desde agosto, incluindo destroieres e navios de assalto e transporte anfíbio, além de um submarino de propulsão nuclear, embora este último seja da classe Los Angeles, sem capacidade para lançar armas atômicas.
O país também enviou vários caças de última geração F-35B para Porto Rico.
Enquanto Washington informou que nas últimas semanas destruiu quatro barcos de narcotraficantes da Venezuela, analistas consideram que tal mobilização militar é excessiva para deter embarcações desse tipo em uma rota que o narcotráfico geralmente não utiliza em grande escala.
A Venezuela, por sua vez, acusou a Casa Branca de tentar forçar a queda do regime de Nicolás Maduro.
Venezuela em alerta avalia declarar “estado de comoção exterior”
O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, juntamente aos chefes dos diferentes poderes públicos do país e outros funcionários públicos, avalia declarar, por meio de um decreto, o chamado “estado de comoção exterior em todo o território nacional”, diante do que classificou como “agressões e ameaças” dos Estados Unidos, que mantêm uma mobilização militar no Mar do Caribe perto do país sul-americano.
O objetivo, segundo Maduro, é que “toda a nação” e cada “cidadão e cidadã deste país tenham o respaldo, a proteção e a ativação de todas as forças da sociedade venezuelana para responder às ameaças ou, se for o caso, a qualquer ataque que se faça” contra a Venezuela.
Segundo a Constituição venezuelana, o estado de comoção interior ou exterior pode ser decretado “em caso de conflito interno ou externo que ponha seriamente em perigo a segurança da nação, de seus cidadãos e cidadãs ou de suas instituições”.
A carta magna também indica que o estado de comoção “se prolongará por até 90 dias, podendo ser prorrogado por mais 90 dias”.
“Como este (decreto), há vários outros”, afirmou Maduro ao lado dos presidentes do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) e do Parlamento, os chavistas Caryslia Beatriz Rodríguez e Jorge Rodríguez, respectivamente, e do procurador-geral, Tarek William Saab, entre outros aliados.