A disputa pelo título de país mais populoso do mundo mudou de mãos há um tempo. Pela primeira vez na história recente, a Índia ultrapassou a China em número de habitantes, assumindo a liderança do ranking global.
Com mais de 1,428 bilhão de pessoas, segundo projeções da ONU (Organização das Nações Unidas), a Índia não apenas carrega o peso de ser a maior nação em população, mas também o desafio de transformar esse crescimento em desenvolvimento econômico e social.
A ultrapassagem aconteceu em 2023, resultado de dinâmicas populacionais distintas. A China enfrentou nas últimas décadas uma queda acentuada na taxa de natalidade, consequência direta da política do filho único (1979–2015), que limitou o crescimento demográfico. Hoje, o país registra uma das menores taxas de natalidade do mundo, com 1,2 nascimento por mulher, abaixo do nível de reposição populacional (2,1).
Já a Índia, embora também tenha visto a fertilidade cair, manteve índices mais altos: 2 nascimentos por mulher em 2022.
Atualmente, a Índia conta com 1.428.627.663 habitantes, enquanto a China possui 1.425.671.352, segundo as projeções da ONU. Entre 2022 e 2023, os dois países seguiram caminhos opostos: a China registrou uma redução de cerca de 216 mil pessoas, ao passo que a Índia ganhou 11,4 milhões de habitantes – o equivalente à população de uma cidade do porte de São Paulo.
O que explica a ultrapassagem do país mais populoso do mundo?
Diversos fatores ajudam a explicar o crescimento indiano. O país mais populoso do mundo mantém uma taxa de natalidade mais elevada do que a da China, além de contar com uma população jovem, já que metade dos indianos tem menos de 30 anos. A urbanização em expansão e a melhoria no acesso à saúde também impulsionam esse avanço demográfico.
Diferentemente da China, a Índia nunca impôs políticas restritivas como a do filho único, o que contribuiu para uma trajetória contínua de crescimento populacional.
No entanto, essa vantagem demográfica traz enormes desafios sociais e estruturais. O país precisa lidar com a crescente pressão sobre a infraestrutura urbana e os sistemas de transporte, além da necessidade de gerar milhões de empregos todos os anos para absorver a mão de obra jovem.
A expansão dos serviços públicos, como saúde, educação e habitação, é outro ponto crítico, assim como a desigualdade social, que continua a marcar o desenvolvimento indiano.
A densidade demográfica elevada agrava o cenário: são 413,7 habitantes por quilômetro quadrado, um contraste impressionante em relação à Rússia que, apesar de ser o maior país do mundo em extensão territorial, abriga apenas 9 habitantes por km².
Quais são os outros países mais populosos?
O ranking global de países mais populosos é liderado pela Índia e pela China, de acordo com o Probabilistic Population Projections based on the World Population Prospects 2022 e Statistical Yearbook (ONU). Confira a seguir os próximos da lista:
- Índia – 1,451 bilhão
- China – 1,419 bilhão
- Estados Unidos – 345 milhões
- Indonésia – 283 milhões
- Paquistão – 251 milhões
- Nigéria – 233 milhões
- Brasil – 212 milhões
- Bangladesh – 174 milhões
- Rússia – 145 milhões
- México – 132 milhões
Projeções futuras para a população mundial
Segundo a ONU, a população mundial ultrapassou os 8 bilhões de habitantes em 2022 e continuará crescendo nas próximas décadas. As projeções indicam que o planeta deve alcançar 8,5 bilhões em 2030 e 9,7 bilhões em 2050.
No caso da Índia, o crescimento será ainda mais expressivo: a população deverá atingir o auge em 2064, podendo ultrapassar 1,6 bilhão de pessoas, antes de iniciar um processo de declínio gradual.
Como isso afeta o equilíbrio geopolítico e econômico global?
O título de país mais populoso do mundo fortalece a posição da Índia no cenário internacional. O país passa a ser visto não apenas como uma potência emergente, mas como ator central na economia global, no consumo interno e nas decisões geopolíticas.
Enquanto a China encara envelhecimento populacional e redução da força de trabalho, a Índia pode colher os frutos do chamado bônus demográfico. Mas para isso, é importante que consiga transformar sua juventude em mão de obra qualificada e produtiva.