segunda-feira , 30 junho 2025
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Desafiados, governadores da oposição refutam culpa pela inflação e antecipam debate de 2026

Os governadores melhor posicionados para tentar uma vaga na disputa da eleição presidencial de 2026 pelo campo da direita não se fizeram de rogados com a provocação do governo Lula (PT) para que os estados seguissem o exemplo da gestão federal e zerassem impostos e taxas sobre alimentos básicos para baratear os preços.

Na semana passada, o governo petista anunciou tarifa zero para importação de uma série de itens alimentícios. Tarcísio de Freitas (Republicanos), Ratinho Jr. (PSD), Ronaldo Caiado (União Brasil) e Eduardo Leite (PSDB) – respectivamente governadores da oposição em São Paulo, Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul – prontamente recusaram a tentativa de Lula de dividir com eles a responsabilidade pela inflação dos alimentos, que aflige os brasileiros e derruba a popularidade do presidente.

Em posicionamentos à opinião pública, os quatro governadores explicaram que estavam vários passos à frente do governo Lula, com o ICMS estadual zerado ou bastante reduzido para uma ampla gama de alimentos básicos, muito antes da medida ser adotada pelo governo federal. Também cobraram do governo federal mais responsabilidade fiscal, já que isso influencia na carestia.

Com o debate direto, os governadores da oposição antecipam 2026 e tentam se posicionar como representantes da direita contra o petista nas eleições do ano que vem – em um cenário ainda incerto sobre quem herdará a candidatura majoritária nesse campo político caso o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), hoje declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até 2030 e denunciado por tentativa de golpe de Estado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), não consiga sair candidato à Presidência. 

“Aqui em São Paulo estamos fazendo o dever de casa desde o início da gestão quando o assunto é comida mais barata na mesa. Não é de hoje que o ICMS no estado é zero para itens do dia a dia, como arroz, feijão, ovos, farinhas, legumes e verduras”, disse o governador Tarcísio, potencial candidato presidencial nas eleições de 2026 melhor posicionado em sondagens eleitorais até agora, num vídeo em clima de campanha política publicado nas redes sociais no final de semana, em resposta ao apelo do governo Lula. 

Na quinta-feira passada (6), o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), fez um apelo para que os governadores zerassem o ICMS sobre a comida. A disparada da inflação dos alimentos é apontada como uma das principais causas da recente queda na popularidade de Lula. Pressionado pela baixa aprovação e de olho nas eleições de 2026, ele mobiliza todo o governo em busca de soluções.

Governadores rebatem que nos estados lição de casa foi feita

Em seu vídeo de resposta sobre o preço da comida, Tarcísio aproveitou para cutucar o governo federal e apontou a necessidade de controlar os gastos públicos. “O que promove justiça social é a responsabilidade fiscal, é o olhar cuidadoso da gestão, é a tomada de decisões difíceis quando necessário pelo bem de todos”, afirmou o governador paulista, em referência à notória dificuldade do presidente Lula em admitir a necessidade de controlar o custo da máquina pública.

“A gente sabe onde o calo está apertando, a gente sabe o que fazer para a comida chegar mais barata no prato”, disse em tom de presidenciável. Tarcísio tem promovido um rigoroso ajuste fiscal no governo do Estado de São Paulo desde que assumiu.

“É por isso que o tempo todo a gente fez o dever de casa. Ajustamos as contas para poder reduzir os impostos”, afirma o governador de São Paulo no vídeo de resposta a Lula. “É importante não só baixar o imposto de importação, mas fazer o dever de casa para que o consumidor não pague a conta e a comida fique mais barata no prato.”

No final do ano passado, o governador paulista anunciou a extinção ou redução de um terço dos benefícios fiscais concedidos pelo estado, apesar da pressão dos grupos afetados, em uma economia prevista de pelo menos R$ 10 bilhões em 2025. No setor de bares e restaurantes, por exemplo, o ICMS aumentou de 3,2% para 4% em janeiro – a alíquota padrão em São Paulo é de 12%. Em entrevista ao jornal Estadão, Tarcísio explicou que um aperto maior poderia justamente encarecer a alimentação em São Paulo.

A gente sabe onde o calo está apertando, a gente sabe o que fazer para a comida chegar mais barata no prato.

Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas

A diminuição de benefícios fiscais em São Paulo faz parte do programa de ajuste fiscal “São Paulo na Direção Certa”, que inclui ainda enxugamento da máquina pública, renegociação de dívidas tributárias, revisão de benefícios previdenciários e privatizações, como a da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).

Ratinho Junior: “saímos na frente”

Ratinho Junior foi outro governador da oposição que aproveitou o apelo do governo Lula sobre a taxação dos alimentos. Também em vídeo, o governador paranaense ironizou. “Só agora? No Paraná tem cesta básica sem impostos há muito tempo!”, afirma. “Saímos na frente mais uma vez! Esse é o nosso modelo Paraná, que é referência para o Brasil”.

Ratinho Junior tem tentado oferecer o próprio nome para a eleição presidencial de 2026. “O partido tem bons nomes, espero que o meu possa ser avaliado também”, disse a jornalistas durante um evento em outubro do ano passado.

No mês passado, durante o evento agropecuário Show Rural, Ratinho Junior reafirmou que a decisão sobre a pré-candidatura é do PSD. “Essa é uma questão partidária. Não sou eu que decido, faço parte de um partido, que é o PSD, um dos maiores do Brasil e isso passa por uma decisão coletiva. Eu penso que é importante para o país ter vários candidatos, pois o Brasil é maior que a polarização. Isso ajuda no debate político, traz mais clareza e ideias para a população”, declarou então, à Gazeta do Povo.

“Só agora? No Paraná tem cesta básica sem impostos há muito tempo.

Governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD)

Com uma aprovação de 81% dentre os paranaenses, de acordo com pesquisa Quaest divulgada em fevereiro, Ratinho Junior ainda pode concorrer ao Senado em uma eleição quase certa após dois mandatos como governador. Aliados próximos defendem que ele coloque uma pré-candidatura presidencial na rua ainda neste semestre, mas o governador prefere manter a cautela.

O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, é também o fiel da balança em uma eventual candidatura presidencial de Tarcísio, de quem é secretário estadual de Relações Institucionais. Caso a dupla opte pela reeleição em São Paulo, praticamente pavimentada de acordo com as sondagens eleitorais mais recentes, e o PSD rompa com Lula para 2026, o governador paranaense é dado como nome certo para a disputa pelo governo federal pela sigla.

“Problema é o PT”

Dentre todos os governadores de oposição, Ronaldo Caiado é o único que já se coloca abertamente como pré-candidato à Presidência da República, e também não perdeu a oportunidade de espezinhar Lula no debate sobre a inflação dos alimentos. “Goiás já faz sua parte para reduzir o preço dos alimentos. Aqui, desde 2022, itens da cesta básica como leite, frutas, verduras, milho e trigo têm ICMS zero. Café, açúcar e macarrão nós reduzimos de 19% para a alíquota mínima de 7%”, afirmou nas redes sociais em resposta ao apelo do governo federal.

“Mas a inflação segue alta. O ovo, por exemplo, tem ICMS zerado em Goiás, e mesmo assim disparou de preço. Aqui e em todo país. O problema está na gastança e na política econômica equivocada do governo do PT”, disse. “Produzimos cada vez mais e cortamos impostos. Mas, sem responsabilidade em Brasília, não tem milagre”, completou o governador de Goiás em sua mensagem virtual.

Caiado marcou o lançamento oficial da sua aventura presidencial para o dia 4 de abril, no Centro de Convenções de Salvador, na Bahia, em uma tentativa de nacionalizar seu nome de saída. “Vou começar a andar o Brasil nos finais de semana, já percorrendo todos os estados e levando a nossa discussão, a nossa proposta”, afirmou a jornalistas em visita ao Congresso no início de fevereiro.

O ovo, por exemplo, tem ICMS zerado em Goiás, e mesmo assim disparou de preço. O problema está na gastança e na política econômica equivocada do governo do PT.

Governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União)

O governador de Goiás tenta viabilizar uma chapa com o cantor sertanejo Gusttavo Lima de vice. O cantor recentemente manifestou interesse em entrar para a política e pontuou bem em sondagens eleitorais para presidente.

Pesando contra a empreitada, a Justiça Eleitoral de Goiás considerou Caiado inelegível por oito anos por abuso de poder político na eleição municipal de 2024. No dia 10 de fevereiro, a Procuradoria Regional Eleitoral de Goiás se manifestou pela reversão de sua inelegibilidade. O governador aguarda decisão para analisar se recorre.

Correndo por fora

Por fim, o governador do Rio Grande do Sul também usou as redes sociais para falar que o ICMS tem alíquota zero em ovos, leite, produtos hortifrutigranjeiros e pães, e que todos os produtos da cesta básica já são zerados no estado para as famílias que mais precisam. Segundo Eduardo Leite, cerca de 600 mil famílias recebem um cartão em que o estado devolve o valor do ICMS que pagaram na aquisição de produtos.

Em vídeo de propaganda partidária periódica do PSDB a que todos os partidos com representação no Congresso têm direito na TV aberta, na noite desta terça-feira (11), o governador gaúcho foi a estrela. Falou em tom de campanha presidencial, atacando os grandes temas nacionais.

“Agora o pior inimigo do povo, a inflação, está de volta. E a violência em muitas regiões está batendo na porta”, diz ele, após acusar os governos Lula e Bolsonaro de não trabalharem pelo Brasil. “A gente já fez uma vez, e vai fazer de novo”, diz Leite na peça de propaganda.

Contra seu projeto presidencial, Leite é uma das principais lideranças de um partido fraco que só encolhe eleição após eleição, e tem flertado com a fusão com outras siglas para sobreviver. No início desta semana, a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, trocou a legenda pelo PSD.

Agora o pior inimigo do povo, a inflação, está de volta. E a violência em muitas regiões está batendo na porta.

Governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB)

Além de Leite, o PSDB tem só mais um governador, Eduardo Ridiel, no Mato Grosso do Sul. Em 2024, o partido elegeu apenas 273 prefeitos dentre os 5.571 municípios do país. Em 2020, o PSDB comandava 523 cidades. No Congresso, são três senadores e 12 deputados eleitos atualmente.

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