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Como o país-sede da União Europeia está se transformando em um narcoestado

A polícia da Bélgica relatou nesta terça-feira (18) que prendeu oito pessoas e realizou buscas em 18 residências em Bruxelas e na cidade vizinha de Leuven em uma operação que, segundo informações do site Politico, está relacionada a ameaças de morte contra Julien Moinil, um dos principais promotores do país que atuam no combate ao crime organizado e ao tráfico de drogas.

“Os principais suspeitos têm antecedentes criminais por tráfico organizado de drogas. Eles atuam no submundo do crime albanês”, afirmou o Ministério Público belga em comunicado.

O episódio ilustra como a Bélgica, sede de instituições importantes da União Europeia (como a Comissão Europeia, principal órgão executivo do bloco, sediada em Bruxelas), está se transformando em um narcoestado.

Foi o que argumentou um juiz da Antuérpia, que publicou uma carta anônima no site da Justiça belga em outubro para pedir que medidas sejam tomadas.

“O que está acontecendo hoje em nosso distrito e além não é mais um problema clássico de crime. Estamos enfrentando uma ameaça organizada que mina nossas instituições”, escreveu o magistrado.

“Estruturas extensas, semelhantes à máfia, criaram raízes, tornando-se um poder paralelo que desafia não apenas a polícia, mas também o Judiciário. As consequências são graves: estamos nos transformando em um narcoestado? De jeito nenhum, vocês acham? Exagerado? De acordo com nossa comissária contra as drogas [Ine Van Wymersch], essa transformação já está em curso. Meus colegas e eu compartilhamos dessa preocupação”, acrescentou o juiz.

Foi uma referência a declarações feitas no início do ano por Van Wymersch, que afirmou que a Bélgica precisa “agir agora” para não se transformar em um narcoestado.

Segundo a Agência da União Europeia sobre Drogas (Euda, na sigla em inglês), o Porto da Antuérpia hoje é o principal ponto de movimentação de drogas na União Europeia.

Um informe da Euda apontou que as apreensões de cocaína na Europa atingiram em 2023 um recorde pelo sétimo ano consecutivo, com 419 toneladas apreendidas, e a Bélgica liderou o ranking de apreensões, com 123 toneladas.

Na carta anônima de outubro, o juiz que escreveu a mensagem disse que a corrupção do narcotráfico “se infiltra” nas instituições belgas, com pagamento de propinas, o que pode ser comprovado pelas prisões de “funcionários em cargos-chave no porto [da Antuérpia], agentes alfandegários, policiais, funcionários municipais e, lamentavelmente, até mesmo funcionários do sistema de Justiça, tanto dentro de prisões quanto aqui mesmo, neste prédio”, escreveu, citando o tribunal de instrução onde atua.

“Basta uma conta no Snapchat” para encomendar ataques na Bélgica hoje, diz juiz

Essa presença do crime organizado tem levado violência às antes tranquilas ruas belgas: de acordo com reportagem da emissora pública RTBF, do início do ano até o final de outubro, foram registrados 78 tiroteios ligados ao tráfico de drogas em Bruxelas, que deixaram sete mortos.

“E também há sequestros, mutilações, atos de tortura”, disse Jean-Michel Lemoine, chefe da divisão criminal da Polícia Judiciária Federal de Bruxelas, à RTBF.

O juiz da carta anônima de outubro escreveu que “basta uma conta no Snapchat” para encomendar “um ataque a uma casa com bomba ou armas de guerra, uma invasão a domicílio ou um sequestro” na Bélgica hoje.

Diante dessa ameaça, o governo belga busca intensificar as ações para combater o narcotráfico. Recentemente, o ministro do Interior, Bernard Quintin, anunciou um plano para que militares atuem nos bairros mais afetados pela violência relacionada às drogas em Bruxelas para ajudar a polícia.

Em outubro, durante visita à Antuérpia da secretária de Segurança Interna dos EUA, Kristi Noem, o primeiro-ministro belga, Bart De Wever, pediu ajuda ao governo Donald Trump no combate ao tráfico transnacional de drogas.

Na ocasião, de acordo com informações da agência alemã DW, De Wever elogiou a atual operação militar dos EUA contra o narcotráfico no Mar do Caribe e no Oceano Pacífico.

“Esta é uma ótima notícia para nós, porque os criminosos do tráfico de drogas não conhecem fronteiras”, disse o premiê.

Noem respondeu que os EUA continuarão a colaborar com as autoridades belgas no combate às “organizações criminosas transnacionais que estão matando nosso povo, envenenando nossos cidadãos e nossos países”.

A situação belga foi alvo de ironia do ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov.

Após a ameaça de Trump de enviar militares para combater grupos jihadistas que matam cristãos na Nigéria e o início da operação americana contra o narcotráfico no Mar do Caribe e no Oceano Pacífico, que a ditadura de Nicolás Maduro considera uma desculpa para uma troca de regime na Venezuela, o chanceler russo disse que Washington deveria realizar ataques na Bélgica.

“Em vez de mirar a Nigéria e a Venezuela com operações antidrogas e [potenciais] apreensões de campos de petróleo, os EUA provavelmente deveriam se concentrar em erradicar esse mal social na Bélgica. Os EUA já têm tropas lá e não precisarão perseguir pequenas embarcações com tripulações de três pessoas cada”, ironizou Lavrov, em entrevista coletiva na semana passada.

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