Na semana passada, o presidente da Argentina, Javier Milei, esteve novamente nos Estados Unidos, onde se reuniu com representantes de companhias de mineração e investidores estrangeiros em Nova York e discursou em um evento empresarial em Miami. Um dos focos dessa viagem foi a nova obsessão do mandatário argentino: o cobre.
“A Argentina não exporta nem um grama de cobre, enquanto o Chile, que compartilha a cordilheira [dos Andes] conosco, exporta US$ 20 bilhões por ano”, disse Milei em Miami, ao falar dos investimentos que busca para transformar a Argentina em uma potência na produção do metal.
Para atingir essa meta, seu governo zerou as retenciones (impostos sobre exportação) de 231 produtos de mineração, incluindo o cobre; tenta atrair projetos para a área dentro do Regime de Incentivo a Grandes Investimentos (Rigi); e modificou leis que regulam a atuação da Secretaria de Mineração, que, segundo a gestão Milei, antes “impunham encargos burocráticos que careciam de racionalidade ou proporcionalidade adequada aos objetivos que as normas modificadas buscavam alcançar”.
A Argentina não produz quantidades significativas de cobre desde 2018, quando foi fechada a mina La Alumbrera, na província de Catamarca, mas tem grande potencial de produção do metal.
De acordo com informações do portal Infobae, atraídos pelas facilidades oferecidas por Milei, já há novos projetos de cobre em andamento nas províncias de San Juan, Catamarca, Salta e Jujuy.
A Secretária da Mineração estimou que o investimento estrangeiro direto na indústria de mineração passará do US$ 1,4 bilhão registrado em 2024 para US$ 7,5 bilhões em 2026, com foco no cobre e no lítio, e as exportações do setor poderão quintuplicar nos próximos dez anos, ultrapassando US$ 25 bilhões anualmente.
A ideia é que o cobre deixe de ser o patinho feio da mineração argentina para se transformar na joia da coroa: no ano passado, o ouro, a prata e o lítio somaram 95% das exportações argentinas no setor.
De acordo com reportagem publicada nesta terça-feira (11) pelo The Wall Street Journal (WSJ), os novos projetos devem gerar uma produção de mais de 1 milhão de toneladas de cobre por ano até 2035, o que transformaria a Argentina em um dos cinco maiores produtores mundiais do metal.
Um dos projetos é a mineradora Vicuña, uma parceria da australiana BHP e da sueco-canadense Lundin Mining, que anunciou este ano a descoberta do maior depósito de cobre, ouro e prata do mundo dos últimos 30 anos, localizado na província de San Juan.
Porém, o WSJ listou uma série de gargalos a serem resolvidos para que a Argentina atinja esse potencial: falta de estradas, eletricidade e ferrovias suficientes para transportar o cobre dos Andes; mão de obra especializada insuficiente; o financiamento de grandes projetos segue caro, já que o risco-país da Argentina continua alto, apesar das reformas econômicas de Milei; e uma lei proíbe a mineração na região das cerca de 16 mil geleiras argentinas.
Em entrevista ao WSJ, Carlos Saravia Frías, advogado em Buenos Aires especializado em mineração, projetou que a recente vitória do partido de Milei, A Liberdade Avança (LLA, na sigla em espanhol), nas eleições legislativas de meio de mandato deve facilitar a tarefa do governo de alterar a lei.
“Isso definitivamente precisa ser resolvido. É uma condição essencial para todos os projetos de cobre”, alertou.
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