O Prêmio Nobel da Paz deste ano será anunciado nesta sexta-feira (10), em Oslo, na Noruega, poucos dias após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alcançar o que muitos podem considerar como sua maior conquista diplomática até agora: o início de um cessar-fogo em Gaza.
Nesta quarta-feira (8), Trump confirmou que Israel e o grupo terrorista Hamas concordaram com a implementação da primeira fase de seu plano de paz, que prevê a libertação de todos os reféns em troca da retirada parcial das tropas israelenses e de uma troca de prisioneiros – um passo decisivo para encerrar a guerra que já dura dois anos.
O Comitê Norueguês que concede o prêmio deve divulgar o vencedor do Nobel da Paz às 6h (horário de Brasília) da sexta-feira. Um anúncio contendo o nome de Trump, contudo, é visto como improvável neste momento, mesmo após os avanços em Gaza.
Trump foi indicado ao Nobel da Paz por líderes estrangeiros e parlamentares que destacaram seus esforços em negociações de paz em diferentes regiões do mundo. Entre os nomes estão o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que reconheceu a mediação americana nas tratativas com o Hamas; os governos do Paquistão e do Camboja, que enviaram indicações formais citando o papel dos Estados Unidos na redução de tensões regionais; e o deputado republicano Buddy Carter, da Geórgia, que apresentou uma indicação individual afirmando que Trump “restaurou a liderança americana e buscou acordos de paz históricos”.
O Fórum das Famílias de Reféns e Desaparecidos de Israel, grupo que representa parentes de reféns mantidos pelo Hamas, também enviou uma carta pública ao Comitê Norueguês pedindo que o prêmio fosse concedido ao presidente americano, afirmando que ele “trouxe luz aos nossos dias mais sombrios”.
Segundo a agência France-Presse (AFP), o comitê que decide o Nobel da Paz é composto atualmente por cinco membros indicados pelo Parlamento da Noruega, que atualmente é controlado pelo Partido Trabalhista, de centro-esquerda. O grupo é presidido por Jørgen Watne Frydnes, que foi indicado ao comitê pelo Partido Trabalhista, e conta também com Berit Reiss-Andersen, advogada e ex-presidente da Ordem dos Advogados Noruegueses, que também foi indicada pelo mesmo partido e é conhecida por suas posições progressistas em temas internacionais. Essa composição é vista por analistas como um dos fatores que podem dificultar a escolha do presidente americano, pelo menos na edição deste ano.
O professor Peter Wallensteen, especialista em política internacional da Universidade de Uppsala, avaliou à AFP que “talvez no próximo ano, quando a poeira baixar [completamente] sobre Gaza, Trump tenha mais chances” de ganhar o Nobel da Paz. O analista Brett McGurk, da CNN, ex-conselheiro de segurança nacional dos EUA em governos democratas e republicanos, concorda com esse ponto. Em artigo publicado nesta semana na CNN, McGurk afirmou que neste ano é “altamente improvável” que Trump receba o Nobel da Paz, mas destacou que, se o presidente americano conseguir consolidar os acordos de paz em Gaza e na Ucrânia, “poderá reivindicar de forma legítima o 125º Prêmio Nobel da Paz” no próximo ano.
Desde sua criação em 1901, o Nobel da Paz é concedido a quem realiza “o maior ou melhor trabalho pela fraternidade entre as nações e pela promoção da paz”. Quatro presidentes americanos já receberam o prêmio: Theodore Roosevelt, Woodrow Wilson, Jimmy Carter e Barack Obama – este último em 2009, menos de um ano após assumir o cargo.
Trump tem afirmado que busca o prêmio não por vaidade pessoal, mas como um reconhecimento ao “esforço global pela paz” conduzido por seu governo. Em discurso a militares no mês passado, o republicano declarou que “eles [o comitê responsável pelo prêmio] nunca vão me dar [o Nobel da Paz], mas eu mereço. Seria uma grande honra para o nosso país”. O chefe da Casa Branca lembrou, na ocasião, que seu governo já encerrou sete guerras e considera o plano de paz para Gaza o maior exemplo de sua política de “paz através da força”.