O cofundador da Ben & Jerry’s, Jerry Greenfield, anunciou nesta quarta-feira (17) sua saída da empresa após 47 anos. O rompimento ocorre em meio a uma disputa com a controladora Unilever, que, segundo ele, teria “silenciado” a marca em seus posicionamentos sobre causas políticas, incluindo sobre o conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas em Gaza.
A decisão foi divulgada em carta publicada por Ben Cohen, amigo de Jerry e também cofundador da marca.
“Esta é uma das decisões mais difíceis e dolorosas que já tomei. Isso não é porque perdi meu amor pelas pessoas da Ben & Jerry’s. Muito pelo contrário”, escreveu Greenfield. Ele afirmou ainda que, quando a Unilever comprou a empresa em 2000, teria garantido a independência para que a marca pudesse “perseguir seus valores”.
Greenfield disse que não poderia mais continuar “em boa consciência” em uma companhia que, segundo ele, perdeu sua liberdade de atuação. Na carta, também fez críticas contra o governo do presidente Donald Trump, acusando a atual administração da Casa Branca de “atacar direitos civis, direitos de voto, os direitos de imigrantes, mulheres e da comunidade LGBTQ”.
Segundo a mídia americana, os conflitos entre a Unilever e a Ben & Jerry’s se intensificaram desde 2021, quando a fabricante de sorvetes anunciou que deixaria de vender seus produtos em assentamentos israelenses na Cisjordânia. A decisão gerou forte reação, e a Unilever repassou a operação israelense a uma empresa local, que manteve a marca em todo o país.
Fundada em 1978 em Vermont, a Ben & Jerry’s construiu fama ao unir sabores a uma pauta política alinhada com a esquerda americana. Em 2024, Greenfield e Cohen chegaram a promover uma turnê de engajamento eleitoral em apoio à vice-presidente Kamala Harris e a candidatos democratas.