domingo , 2 novembro 2025
💵 DÓLAR: Carregando... | 💶 EURO: Carregando... | 💷 LIBRA: Carregando...

CNBB pede nulidade de votos de Rosa Weber e Barroso em julgamento sobre aborto

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a nulidade dos votos dos ex-ministros Rosa Weber e Luís Roberto Barroso na ação sobre descriminalização do aborto na Corte. Tanto Weber quanto Barroso deram votos favoráveis à descriminalização do aborto pouco antes da aposentadoria, como último ato de compromisso com a causa enquanto magistrados.

O julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442 visa decidir se a interrupção voluntária da gravidez nas primeiras 12 semanas de gestação pode ser ou não considerada crime.

A legislação hoje permite o aborto em apenas três situações: violência sexual, risco de morte para a gestante ou feto com anencefalia. “As mulheres são seres livres e iguais, dotadas de autonomia, com autodeterminação para fazerem suas escolhas existenciais”, escreveu o ministro em seu último dia como ministro, em 17 de outubro.

Continua depois da publicidade

A CNBB alega vícios procedimentais na condução da ação que, segundo a organização, “violam o devido processo legal, o princípio do juiz natural, a ampla defesa e o contraditório, suprimindo o direito de manifestação das partes, da Procuradoria-Geral da República e dos mais de 70 (setenta) amici curiae habilitados”.

A conferência alega que o prazo para o envio das sustentações orais se encerrou no mesmo dia em que foi divulgada a inclusão da ADPF na lista do julgamento virtual. E que Weber inseriu seu voto no sistema em sessão virtual que já tinha sido encerrada em razão do destaque solicitado por Barroso, que levou o julgamento para o plenário físico.

Também argumenta que a sessão virtual convocada pelo presidente Edson Fachin no último mês, para que Barroso pudesse deixar seu último voto enquanto magistrado, foi iniciada 45 minutos após a convocação.

“As partes, a PGR (Procuradoria-Geral da República) e os amici curiae foram novamente impedidos de exercer seus direitos, como o de apresentar sustentação oral”, diz o documento da CNBB, que também critica o pedido de urgência para a aquela sessão extraordinária.

“Igualmente não havia, e nunca houve, urgência a justificar um ministro não relator a retirar pedido de destaque, sem previsão regimental, e igualmente sem previsão regimental pedir inclusão em sessão extraordinária, pelo simples fato de que irá se aposentar. Curiosamente, estas foram as únicas ADPFs em que de forma açodada o ministro lançou voto e decidiu, diante das centenas, quiçá milhares de decisões que deixou pendentes com sua aposentadoria VOLUNTÁRIA”, diz a CNBB.

O voto de Barroso incomodou setores religiosos da sociedade. O Instituto Brasileiro de Direito e Religião (IBDR) já tinha enviado, em 21 de outubro, um pedido para que Fachin anulasse a participação do agora ex-ministro no julgamento. O instituto diz que o voto de Barroso deve ser desconsiderado por violar o devido processo legal.

Continua depois da publicidade

A entidade alega que a condução do processo foi irregular, pois o caso deveria ter sido distribuído por sorteio e não encaminhado a um magistrado que já havia se manifestado publicamente sobre o tema em julgamento.

O instituto afirmou ainda reconhecer a “idoneidade inquestionável” de Barroso, mas criticou o fato de ele ter “entregado seu voto horas antes de sua aposentadoria, com nítido intuito de impedir que um novo ministro, que deverá por longos anos exercer a magistratura na Corte, vote em questão desta magnitude”.

‘Se os homens engravidassem, aborto já não seria tratado como crime’

Em seu voto, o ministro buscou enquadrar o tema a partir de uma perspectiva essencialmente jurídica, com destaque para os direitos da mulher sexuais e reprodutivos da mulher, mas registrou o respeito às doutrinas religiosas que se opõem ao procedimento.

Continua depois da publicidade

“Direitos fundamentais não podem depender da vontade das maiorias políticas. Ninguém duvide: se os homens engravidassem, aborto já não seria tratado como crime há muito tempo”, declarou em seu voto.

Barroso fez a ressalva de que não é a favor do aborto em si, mas sim contra a prisão de mulheres que se submetem ao procedimento: “É perfeitamente possível ser simultaneamente contra o aborto e contra a criminalização”.

O ministro também defendeu que o aborto seja tratado como uma questão de saúde pública, não de direito penal. E argumentou que a criminalização não diminui o número de ocorrências, o que na avaliação dele torna a norma ineficiente. “A criminalização é uma política pública que não atinge o objetivo de reduzir o número de ocorrências. A maneira adequada de lidar com o tema é fazer com que o aborto seja raro, mas seguro”, afirmou. “A criminalização penaliza, sobretudo, as meninas e mulheres pobres que não podem recorrer ao sistema público de saúde para obter informações, medicação ou procedimentos adequados.”

fonte

Verifique também

Lula apela ao Congresso para “diferenças políticas” não afetarem Projeto Antifacção

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em uma postagem em suas redes sociais, …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *