O anúncio do tarifaço de Donald Trump para o Brasil rapidamente ganhou os holofotes na imprensa nacional e internacional entre esta quarta e quinta-feira (10), provocando uma reação tempestuosa do governo Lula, que prometeu “reciprocidade” em suas medidas.
O tipo de enfrentamento como o do petista não gerou um desfecho positivo para outros países que seguiram o mesmo caminho ao elevar o tom contra o líder da Casa Branca desde o “Dia da Libertação”, quando Trump anunciou impostos sobre importações de dezenas de nações, entre elas o Brasil, que inicialmente teria de pagar 10% de impostos sobre seus produtos que entram nos Estados Unidos. Agora, esse número subiu para 50%.
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No dia 2 de abril, o presidente Donald Trump divulgou sua agenda tarifária para o mundo. O principal país afetado, na ocasião, foi a China, que chegou a ter suas exportações taxadas em 145% pelos Estados Unidos.
Assim como o governo Lula, o regime de Xi Jinping anunciou que revidaria a medida com reciprocidade, situação que se traduziu em uma espécie de embargo comercial entre as duas maiores potências econômicas do mundo.
Após meses de briga, Trump convenceu o ditador chinês a negociar um acordo comercial. Em maio, eles chegaram a uma “trégua” na qual Washington prometeu reduzir suas tarifas de 145% para 30%, e Pequim de 125% para 10%, com um prazo de 90 dias para negociar um novo pacto comercial. Analistas estimam que a tarifa média sobre produtos importados da China esteja em torno de 40% a 50% no momento.
Apesar de aparentemente terem resolvido o embargo, China e Estados Unidos seguem numa espécie de Guerra Fria, na qual as hostilidades e ameaças indiretas permanecem vivas.
Em maio, mês seguinte ao anúncio da agenda tarifária de Trump, as exportações chinesas para os Estados Unidos tiveram um queda recorde de 35%, a maior desde fevereiro de 2020. No mesmo mês, as fábricas sediadas no gigante asiático começaram a sentir o impacto das tarifas com relatórios oficiais de Pequim apontando uma desaceleração de 5,8% na produção industrial nos primeiros cinco meses do ano.
Mas a primeira ameaça tarifária de Trump que funcionou em seu segundo mandato foi feita contra a Colômbia, uma semana depois de sua posse, quando o presidente esquerdista do país sul-americano, Gustavo Petro, rejeitou a política migratória da Casa Branca dizendo que não receberia imigrantes ilegais deportados.
Trump, então, impôs sanções contra a Colômbia. Dentre as medidas adotadas pelos Estados Unidos estava uma tarifa emergencial de 25% sobre todos os produtos oriundos do país latino-americano, que seria reajustada para 50% na semana seguinte.
Na manhã do dia 27 de janeiro, Petro voltou atrás e aceitou receber os imigrantes ilegais colombianos deportados dos Estados Unidos. Na ocasião, a Casa Branca publicou um comunicado informando sobre a resolução do impasse com a “aceitação irrestrita de todos os estrangeiros ilegais da Colômbia retornados dos Estados Unidos, inclusive em aeronaves militares, sem limitações ou atrasos”. Quase imediatamente, o presidente Gustavo Petro republicou a declaração dos EUA sem fazer comentários, dando a entender que a validava totalmente, embora a tenha excluído minutos depois sem explicação.
Outro país que rejeitou um acordo comercial nos moldes de Trump, de início, foi o Canadá, que chegou perto de minar as negociações com o governo americano devido a um impasse recente sobre a taxação de big techs americanas. No final do mês passado, Trump chegou a suspender o longo diálogo na área do comércio com o governo canadense por causa dessa divergência.
No entanto, dois dias depois, o Canadá voltou atrás em sua postura comercial e eliminou os impostos sobre empresas dos Estados Unidos. Na ocasião, o primeiro-ministro Mark Carney afirmou que retomaria as negociações com Trump após reverter sua intenção de aplicar novos impostos às gigantes da tecnologia americana.
Canadá e Estados Unidos são parceiros comerciais de longa data, contudo, desde que retornou à Casa Branca, Trump busca reformar os acordos mantidos com vários países, incluindo a nação vizinha.
No dia seguinte ao anúncio de Trump sobre o tarifaço, em abril, o Canadá afirmou que responderia à política de forma recíproca com 25% de impostos sobre exportações de automóveis dos Estados Unidos que não estivessem em conformidade com as normas do tratado norte-americano de livre-comércio USMCA, também conhecido como T-MEC.
Naquele dia, Carney chegou a declarar que a “antiga relação de integração contínua e profunda com os EUA havia acabado” e que, embora “seja uma tragédia, é também a nova realidade”. Posteriormente, o governo canadense recuou e passou a buscar um novo acordo comercial com os americanos.
Na noite desta quinta-feira (10), Trump anunciou uma tarifa de 35% sobre importações canadenses, justificando a medida como resposta à retaliação do país vizinho. “Em vez de trabalhar com os Estados Unidos, o Canadá retaliou com suas próprias tarifas”, afirmou o líder republicano.