O chefe de gabinete do presidente Javier Milei, Guillermo Francos, disse nesta quarta-feira (27) que as acusações contra a irmã do presidente são uma “operação política” e uma “tentativa” de desestabilizar a Argentina.
Francos fez as declarações na Câmara dos Deputados, onde a oposição o convocou a prestar esclarecimentos sobre o caso que desde a semana passada desgasta a gestão Milei.
“Enquanto o Congresso Nacional sancionava uma Lei de Emergência sobre Deficiência, que exige o uso de recursos financeiros dos quais o Estado atualmente não dispõe, uma operação política foi orquestrada com a divulgação de supostas gravações de áudio do ex-chefe da Agência Nacional de Deficiência [Andis]”, afirmou Francos, segundo informações do jornal Clarín.
Gravações divulgadas na semana passada pela imprensa argentina mostraram uma voz atribuída ao ex-diretor-executivo da Andis, Diego Spagnuolo (que foi demitido depois que o escândalo estourou), dizendo que a irmã de Milei e secretária-geral da presidência, Karina Milei, seria uma das responsáveis por um esquema de corrupção em contratos de fornecimento de medicamentos por meio da agência.
“Que fique claro: tanto a aprovação de leis que exigem recursos que quebram o equilíbrio fiscal, quanto a difamação de funcionários com acusações infundadas, fazem parte do mesmo padrão: as ações de um pequeno grupo de pessoas que, nesta nova Argentina, não têm mais lugar”, disse Francos nesta quarta-feira, disparando contra a oposição kirchnerista.
“Há quem ainda tente barrar essas medidas de eficiência, simplificação e corte de impostos. Está muito claro que por trás dessa ação maliciosa se esconde mais uma tentativa desestabilizadora que só revela suas verdadeiras intenções”, acrescentou o chefe de gabinete de Milei.
Na semana passada, o advogado Gregorio Dalbón, que representa a ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015, que cumpre em prisão domiciliar pena por corrupção) em algumas de suas causas na Justiça, denunciou criminalmente o presidente e Karina Milei pelo caso.
Na segunda-feira (25), o assessor presidencial Eduardo “Lule” Menem, apontado nas gravações como o outro coordenador do esquema, havia negado qualquer ato de corrupção num post no X.
“Nunca tive qualquer envolvimento em contratos da Andis, nem formal nem informalmente. Ninguém me mencionou qualquer ato de corrupção, nem eu tinha conhecimento de qualquer ocorrência ilegal na Andis ou em qualquer outro órgão estatal”, escreveu “Lule” Menem.
“Nunca conversei com Karina Milei ou com o presidente da Nação sobre benefícios, contratos ou atividades específicas da Andis. Conheço o trabalho que este governo vem fazendo contra a corrupção e não duvido da integridade de nenhuma das autoridades mencionadas”, acrescentou, alegando motivação política nas denúncias.