Armas leves e confrontos passageiros já não representam mais a realidade dos cartéis mexicanos. Segundo reportagem do The New York Times, publicada nesta segunda-feira (1º), grupos criminosos que atuam no México estão utilizando drones, minas terrestres, granadas propelidas por foguetes e veículos blindados improvisados em batalhas que ocorrem a poucos quilômetros da fronteira com os Estados Unidos.
A escalada da violência ocorre em estados como Michoacán, onde civis vivem sob constante risco de bombardeios aéreos e explosivos escondidos em estradas e plantações.
Segundo informações do Times, grande parte das armas pesadas vem dos Estados Unidos. Autoridades mexicanas estimam que meio milhão de armas de fogo sejam contrabandeadas por ano para o país vizinho. Além disso, criminosos fabricam bombas improvisadas com canos, garrafas plásticas e até extintores, além de adaptar drones comprados online para lançar projéteis e produtos químicos tóxicos.
Os cartéis, pressionados pelo governo mexicano e por operações de segurança exigidas pelos EUA, estão se transformando em forças paramilitares, diz a publicação. Eles não apenas competem contra o Estado, mas também entre si, em disputas sangrentas por territórios estratégicos.
Em Michoacán, a luta pelo controle da produção de drogas e rotas de tráfico está sendo travada por facções como os Cavaleiros Templários, La Familia Michoacana e, sobretudo, o Cartel Jalisco Nova Geração, considerado o mais bem armado do país. Segundo o Times, o avanço dessa militarização já resultou na destruição de helicópteros militares com lança-foguetes e em centenas de explosões de minas em estradas usadas por civis. Nos últimos dois anos, ao menos 2 mil pessoas foram deslocadas de suas casas apenas nessa região.
Em fevereiro, cerca de um mês após o governo do presidente Donald Trump classificar diversos cartéis mexicanos como organizações terroristas, entre eles o Cartel Jalisco Nova Geração, documentos internos do setor de El Paso, no Texas, revelaram que líderes criminosos desses cartéis haviam autorizado o uso de drones kamikaze equipados com explosivos contra agentes da Patrulha de Fronteira dos EUA, o que confirma que os cartéis não apenas dispõem de poder de fogo comparável ao de forças militares do Estado, como também planejam empregar táticas típicas de guerra assimétrica contra os Estados Unidos.