quinta-feira , 28 agosto 2025
💵 DÓLAR: Carregando... | 💶 EURO: Carregando... | 💷 LIBRA: Carregando...

“Carro 100% elétrico brasileiro” da BYD é mais chinês que brasileiro

A BYD anunciou o Dolphin Mini produzido na Bahia como seu primeiro “carro 100% elétrico brasileiro”. Mas, ao menos por enquanto, o que há de mais brasileiro no modelo é o endereço da montagem final. Na prática, é um veículo em grande parte chinês.

Não por acaso, a montadora encaminhou ao governo federal um pedido de redução do Imposto de Importação para carros semidesmontados – é a forma como os modelos estão chegando à fábrica da empresa no país. A taxação de elétricos importados está sendo elevada gradualmente e acaba de subir mais um degrau.

VEJA TAMBÉM:

A BYD opera em fase de testes na antiga fábrica da Ford em Camaçari, na região metropolitana de Salvador, e por isso ainda não deu início à produção em escala industrial.

O primeiro exemplar, apresentado com festa pela multinacional asiática na segunda-feira (1.º), é um protótipo, produzido durante os testes da linha de produção. A BYD ainda depende de licenças ambientais e operacionais do governo da Bahia para iniciar a produção regular.

Brasil produziu carro elétrico em série há mais de 40 anos

Apesar do marketing em torno da inovação elétrica, o Brasil já teve experiências anteriores com carros movidos a eletricidade – e bem brasileiros.

O primeiro data de meio século atrás. O pioneiro foi o engenheiro João Augusto Conrado do Amaral Gurgel, que apresentou em 1974, no Salão do Automóvel de São Paulo, o Itaipu E150.

O projeto não passou da fase de protótipo: foram apenas 27 unidades produzidas, segundo reportagem da revista Autoesporte. A autonomia era de apenas 50 quilômetros, e o tempo de recarga chegava a 10 horas.

Mais tarde, entre 1980 e 1982, a Gurgel lançou cerca de mil unidades do furgão elétrico Itaipu E400, o primeiro modelo elétrico com produção em série no país. Ele foi usado por empresas de telefonia como Telebrás e a Telesp.

Ainda que limitado tecnicamente, o modelo representava uma tentativa genuinamente nacional de inovar — barrada pela falta de apoio do governo federal e pelas limitações das baterias de chumbo-ácido da época.

Carro da BYD terá peças importadas e montagem parcial na Bahia

Meio século após as experiências pioneiras com carros elétricos no Brasil, o anúncio da BYD reacende a discussão sobre o grau de nacionalização da indústria automotiva elétrica no país.

Mesmo com a inauguração da unidade em Camaçari, o processo inicial será do tipo SKD (semi knocked down): o carro chega da China com a carroceria já soldada e pintada, e os demais componentes – quase todos importados – são agregados na fábrica baiana.

A própria BYD admite que, até o momento, apenas um fornecedor nacional foi habilitado: a fabricante de pneus Continental, que também tem unidade na região. Outras 105 empresas brasileiras estão em processo de homologação para fornecer peças e componentes.

Ainda assim, os planos da montadora não incluem, por enquanto, o desenvolvimento local de peças, o que tem gerado críticas de integrantes do setor automotivo e do governo federal.

Segundo o governo da Bahia, fornecedores chineses da BYD estariam analisando a possibilidade de se instalar também em Camaçari, o que pode mudar esse cenário no médio prazo.

Apesar das limitações de origem, o Dolphin Mini mostra força no mercado nacional. Entre janeiro e maio deste ano, foram emplacadas 11,3 mil unidades, segundo a Federação Nacional de Distribuidores de Veículos Automotores (Fenabrave). O número supera modelos consolidados como Hilux (Toyota), City (Honda), Duster (Renault) e C3 (Citroën).

A estratégia da BYD é clara: usar o Dolphin Mini como porta de entrada para popularizar os elétricos no Brasil, enquanto prepara a produção local de outros modelos, como os híbridos Song Pro e King.

“Levamos apenas 15 meses entre iniciar as obras e entregar o primeiro veículo em caráter experimental da nossa linha de produção”, afirmou Stella Li, vice-presidente executiva global da BYD e CEO para a Europa e Américas.

Segundo Alexandre Baldy, vice-presidente sênior e head comercial e de marketing da BYD Auto Brasil, a intenção é de que, à medida que as licenças forem liberadas, as importações deem lugar à produção local. A expectativa da montadora é iniciar a fabricação efetiva em poucas semanas.

*O jornalista viajou a convite da BYD

fonte

Verifique também

Diversidade, inclusão e crescimento profissional são essenciais para a Neoenergia Elektro

A Neoenergia Elektro atinge milhões de pessoas com seu trabalho essencial de distribuir energia elétrica. …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *