O governador de Goiás e pré-candidato à Presidência da República, Ronaldo Caiado (União Brasil), relativizou a ditadura militar brasileira ao afirmar que “os dois lados” cometeram excessos durante o período. A declaração foi feita na segunda-feira (9) durante entrevista ao programa “Roda Viva”, da TV Cultura.
Questionado diretamente se houve ditadura militar no Brasil, Caiado evitou usar o termo e preferiu classificar o período como um tempo de “restrições por atos constitucionais”.
“Foi um período em que aconteceram barbaridades. Mas teve excessos dos dois lados”, afirmou o governador, acrescentando que “também havia comandos que praticavam crimes, terrorismo”.
Em sua análise histórica, Caiado atribuiu o golpe de 1964 a uma “irresponsabilidade de Jânio Quadros”, que teria deixado o país nas mãos de João Goulart, descrito por ele como “um homem fraco” que era comandado por Leonel Brizola.
“A partir daí, [Goulart] resolveu quebrar toda a ordem nacional”, declarou o governador goiano, defendendo que é preciso “analisar os fatos” de 1964 “com os olhos” daquela época.
O pré-candidato insistiu na tese dos “dois lados”, afirmando que “de um lado havia os militares que praticavam as arbitrariedades, e você tinha os comandos que praticavam os crimes de terrorismo”.
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Discurso eleitoral em construção
A narrativa de Caiado sobre o período militar revela uma estratégia de posicionamento para 2026. Ao mesmo tempo em que busca agradar setores conservadores com a relativização da ditadura, tenta se distanciar de posições extremistas ao defender a democracia atual.
“Não existe mais espaço para regimes autoritários no Brasil”, afirmou o governador, em declaração que contrasta com sua relutância em reconhecer o caráter ditatorial do regime militar.
A tentativa de equilibrar-se entre diferentes públicos ficou evidente quando Caiado defendeu o respeito às urnas. “Minha trajetória política sempre foi pautada pela aceitação dos resultados eleitorais”, ressaltou, em possível aceno ao eleitorado de centro.
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O governador goiano encerrou sua participação com um apelo contra a polarização, estratégia que vem adotando para se apresentar como alternativa viável à disputa Lula-Bolsonaro. “O Brasil precisa superar esse ciclo de divisões extremas e construir um projeto nacional de desenvolvimento”, concluiu.