O governo do presidente da Argentina, Javier Milei, criticou nesta quarta-feira (25) o Senado da província de Buenos Aires, a mais populosa do país, por ter aprovado na véspera um projeto de lei que acaba com o limite de dois mandatos consecutivos para senadores e deputados provinciais, que agora poderão ser reeleitos indefinidamente.
Segundo informações do jornal Clarín, Guillermo Francos, chefe de gabinete da gestão Milei, disse em entrevista à rádio La Red que a aprovação do projeto é “um retrocesso” e que “há uma casta muito forte” no Senado de Buenos Aires.
Casta é o termo utilizado por Milei para descrever os membros da “política tradicional” da Argentina. “Era uma boa regra limitar os mandatos dos parlamentares para evitar a perpetuação nos órgãos legislativos”, afirmou Francos.
“[A aprovação do projeto] faz parte da velha política que queremos deixar para trás”, disse o chefe de gabinete de Milei. “Não parece fazer muito sentido que os parlamentares aprovem uma lei que lhes permita a perpetuação e, ao mesmo tempo, negue aos prefeitos o direito de serem reeleitos por mais de dois mandatos. Há uma certa incoerência.”
A proposta teve 22 votos a favor, 22 contrários e uma abstenção, o que exigiu um voto de desempate da vice-governadora da província, a peronista Verónica Magario, que votou a favor do projeto. Agora, a matéria será analisada pela Câmara dos Deputados de Buenos Aires.
Na entrevista, Francos criticou o senador Carlos Kikuchi, ex-aliado de Milei, por votar a favor do projeto de lei. “De fundador de um partido [a Liberdade Avança] que era contra a casta, ele se tornou parte da casta, junto dos parlamentares que o acompanharam”, criticou.
Além de senadores e deputados provinciais, o projeto de lei retira o limite de mandatos consecutivos para vereadores e conselheiros escolares na província de Buenos Aires.