O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) comparou a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) que o acusou de tentativa de golpe de Estado a se defender de ter matado “um marciano” e afirmou que o ministro Alexandre de Moraes “sequestrou” o Supremo Tribunal Federal (STF).
“Não teve armas. Se pegar as polícias legislativas da Câmara e do Senado, nenhuma arma foi apreendida. É uma denúncia que fica difícil de se defender. É quase como se defender, por exemplo, de ter matado um marciano. E nem o corpo do marciano estava lá”, afirmou o ex-presidente ao Poder360.
A declaração é uma resposta direta às alegações finais da PGR, apresentadas na segunda-feira (14), que o apontam como “líder” de uma organização criminosa voltada à ruptura institucional após as eleições de 2022. Segundo o procurador-geral Paulo Gonet, Bolsonaro foi o “principal articulador e maior beneficiário” da tentativa de golpe.
“Nunca joguei fora das 4 linhas”
Bolsonaro voltou a negar qualquer plano golpista. Disse que “sempre atuou dentro das 4 linhas da Constituição” e que buscou “alternativas” para questionar decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Se eu quisesse e tivesse mal-intencionado, faria algo antes das eleições, trocaria comandante de Força, trocaria ministro da Defesa”, declarou.
Ele afirmou ainda que sua campanha pelo voto impresso é antiga e legítima: “Minha luta pelo voto impresso é desde 2012. Olha, eu tenho que acreditar no programador? Eu acredito na máquina.”
Bolsonaro também voltou a atacar o ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal no STF. “É uma pessoa que sequestrou o Supremo Tribunal Federal e faz o que bem entende. Ele vai interrogar, ele vai julgar. Ele diz que é vítima porque tinha um plano para assassiná-lo”, ironizou, chamando a acusação de “ridícula”.
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Sobre a colaboração premiada do tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens, o ex-presidente disse que ela não é válida. “Se fosse na Lava-Jato, teria sido anulada há muito tempo”, afirmou. “Uma delação premiada é espontânea. Essa não é.”
PGR vê liderança e conivência
Na manifestação protocolada na segunda-feira (14), a PGR descreve Bolsonaro como peça-chave na incitação à intervenção militar, manipulação de informações e instrumentalização de instituições públicas para minar o sistema eleitoral. O caso agora entra na fase de alegações finais das defesas e, depois, segue para julgamento na Primeira Turma do STF.